Press "Enter" to skip to content

Fundos de ações e ações: o que fazer?

(Foto: Shutterstock)

As últimas semanas não foram nada fáceis para o mundo e os mercados financeiros refletiram nitidamente esse sentimento. Os pregões mundiais registraram recordes de quedas em março, pois os investidores procuraram vender mais ações do que comprar, com medo que as empresas perdessem valor em meio ao pânico gerado pelo novo coronavírus.

O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, teve o pior trimestre de sua história (-36,86%), conforme dados da empresa de informações financeiras Economatica. Com a pandemia decretada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 11 de março e a necessidade de isolamento social, as expectativas de crescimento diminuíram para as empresas e para as economias mundiais.

O economista-chefe e sócio do banco digital Modalmais, Alvaro Bandeira, observa a época é de tentar se proteger um pouco mais em relação a investimentos em fundos de ações e multimercados. “Se você conseguir um fundo de baixa volatilidade multimercado ou um fundo de ações, você ainda pode obter ainda ganhos nesse mercado”, destaca.

No entanto, pontua Bandeira, como está difícil o investidor ganhar alguma coisa aplicando em renda fixa, é necessário correr um pouco mais de risco. Nesse caso, a recomendação é investir em fundos multimercados, que são primeiro estágio da caminhada do investidor rumo ao risco. Depois vêm os fundos de ações com baixa volatilidade, buscando taxas de administração mais baixas e bons gestores de recursos.

“Acho que esse é um primeiro estágio interessante, principalmente agora que o mercado já cai 35%. Nesse momento, entrar com alguns recursos em fundos é importante”, destaca.

A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima) divulgou que nos primeiros 20 dias do mês de março, os fundos de ações captaram liquidamente mais de R$ 5 bilhões de um total de R$ 11 bilhões aplicados em fundos nesse período.

De acordo com Bandeira, investir em ações depende muito do que o investidor vai comprar. “Novamente eu diria que, nessa fase de proteção, deve-se buscar empresas com crescimento estável, sólidas, com boa gestão e que sejam boas pagadoras de dividendos”, afirma.

De qualquer forma, observa Bandeira, como algumas ações caíram mais de 50%, é possível começar a montar pequenas posições se o investidor não for precisar de dinheiro no curto prazo e se puder fazer comprar aos poucos. A cautela é necessária, já que o mercado vai permanecer com uma volatilidade elevada enquanto o mundo não tiver uma definição maior de como vai ser a expansão da covid-19 e quais serão os impactos das medidas que os governos estão tomando.

“Eu diria que pode ser uma boa opção investir em fundos de ações. A aposta em ações seria um estágio seguinte para um investidor mais qualificado, mas também com algum tipo de proteção”, recomenda.

Bandeira alerta que arriscar em operações de day trade, compra e venda no mesmo dia, é pura sorte. “Na verdade, os mercados têm mostrado grande volatilidade intra e entre pregões. É o caso de se montar carteiras com um horizonte temporal mais dilatado para retorno no médio e no longo prazo”, destaca. Segundo ele, como algumas ações caíram mais de 35% muitas ações estão baratas, principalmente para quem está vindo com recursos em moeda estrangeira. “Com a desvalorização do real nessa fase as ações brasileiras ficaram ainda mais baratas.”

O analista de investimentos na Necton, Gabriel Ribeiro, destaca que o investimento em ações deve ser encarado como de longo prazo, e o investidor deve alocar somente o capital do qual ele não precisará no curto prazo. “A maioria das ações caíram consideravelmente, apresentando quedas rápidas e de grande magnitude, na expectativa dos impactos do coronavírus nas receitas e lucratividade”, afirma.

Desta forma, comenta Ribeiro, muitos gestores estão enxergando boas oportunidades neste momento e começando a aproveitar para fazer novas compras, focando em empresas com posição confortável de caixa e dívida que devem sofrer menos durante esta crise. “A tendência do mercado é de se recuperar no longo prazo, mas, ainda é impossível dizer quanto tempo isso vai levar. Os investidores que forem pacientes podem ser recompensados no futuro”, aposta.

O trader Jefferson Laatus, sócio fundador do Grupo Laatus, concorda que o investimento em fundos de ações já está começando a ficar interessante. “Tem alguns fundos bons, de renome, que estão absurdamente negativos e esses fundos têm estrutura para se recuperar junto com a economia, como por exemplo um Alasca Black, fundos SPX, etc, que estão começando a ficar super atraentes porque assim que o mercado começar a ganhar força de novo e começar a se recuperar esses fundos acabam se recuperando junto”, afirma.

De acordo con Laatus, é o momento de começar a olhar com atenção, pesquisar e entender mais profundamente como estão os fundos de ações, pois o melhor momento de entrar em um fundo é quando ele está negativo. “Este é o momento de olhar um pouco mais a economia como um todo e verificar quais são as melhores opções. Fundos de ações nesse momento estão começando a se tornar bem atrativos e interessantes”, garante.

Alguns especialistas, porém, preferem manter a cautela. “Eu tenho recomendado aos clientes não fazer nada, além de esperar e manter a posição. E caso tenha disponibilidade, aumentar a participação no ativo”, afirma o analista de investimento da Mirae Asset, Pedro Galdi.

Há também quem reforce a aposta na diversifição, desde que o investidor tenha apetite para o risco. “Ações, por natureza, são indicadas para quem tem o perfil agressivo. Assim, para quem tem esse perfil, é interessante sim o momento para se posicionar em ações”, afirma o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman.

No momento atual, explica Arbetman, evidentemente o trabalho deve exigir maior diligência, pois é preciso que se busque um portfólio diversificado, especialmente num país onde os fundos de renda fixa também acabam não sendo uma opção atrativa. “Uma vez que a taxa Selic está em 3,75% e com viés decrescente, eles acabam perdendo para inflação e corroendo o portfólio do cliente. Assim, a diversificação é importante e as ações/fundos de ações também são interessantes”, completa.

Leia mais:

Onde investir em tempos de pandemia

Fundos imobiliários: o que fazer após as fortes quedas

Dólar e ouro: comprar ou não?

Be First to Comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *