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Nestlé fecha a compra a Kopenhagen e aposta na expansão da rede de lojas

A Nestlé anunciou na quinta-feira, 7, a compra do Grupo CRM, dono das marcas de chocolate Kopenhagen e Brasil Cacau e da rede de cafeterias Kop Koffe. O valor da aquisição, que foi fechada na noite da quarta-feira, não foi divulgado, mas pessoas próximas às negociações dizem que envolveu algo em torno de R$ 4,5 bilhões.

A aquisição agora terá de ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Segundo a Nestlé – que esperou mais de 20 anos pela aprovação da compra da Garoto, em 2002 – a expectativa agora é de que a conclusão do negócio ocorra já em 2024.

Renata Vichi, presidente da CRM, continuará no comando da empresa. Ela tem uma história de 25 anos no grupo, onde era sócia de seu pai, Celso Ricardo de Moraes. Em 2020, ele vendeu sua participação na CRM para o fundo americano Advent International, mas Renata seguiu à frente das operações da empresa, função que vai continuar exercendo.

Expansão

Pelos termos do negócio fechado na noite de quarta-feira, o fundo Advent vendeu 100% de sua participação na CRM para a Nestlé, mas a executiva segue como sócia, com fatia não revelada, ao lado dos suíços na CRM.

Segundo Renata, que vai continuar como a presidente da unidade de negócios, o objetivo é prosseguir com os planos de expansão do grupo e triplicar a rede por meio de franquias para 3 mil unidades até 2026.

Essa meta de expansão havia sido definida antes da aquisição, mas foi avalizada pela Nestlé. Desde a entrada da Advent na CRM, a Kopenhagen dobrou de tamanho, em número de lojas, faturamento e Ebitda (lucro antes dos impostos, juros e amortizações).

“Quando a Advent chegou, o plano era dobrar de tamanho em cinco anos, mas fizemos isso em três anos”, disse a executiva. “Agora, iniciamos um capítulo novo com a Nestlé.”

Wilson Rosa, sócio da Advent, contou que o fundo decidiu realizar um processo competitivo para analisar os rumos de seu investimento na Kopenhagen. Entre as opções, estava a venda da participação ou uma abertura de capital (IPO, na sigla em inglês). E, para isso, contratou o Goldman Sachs. “Ao longo do processo, fomos ficando cada vez com afinidade maior com a equipe da Nestlé”, disse o executivo.

Ao longo do processo de venda, o grupo CRM foi oferecido a outros nomes no mercado. Oficialmente, os executivos não revelam quem participou, mas pessoas próximas às negociações dizem que a Cacau Show e a suíça Lindt estavam na disputa.

História

À frente da Kopenhagen, Rosa disse que a Advent concentrou-se na expansão do canal digital, além de acelerar a expansão física da marca e da Brasil Cacau. “Esse plano de expansão não está nem perto de ser exaurido. Temos hoje no mapa 2 mil lojas a serem abertas.” O ritmo de abertura tem sido de cinco lojas por semana.

De acordo com o presidente da Nestlé Brasil, Marcelo Melchior, foi nas conversas durante o processo de aquisição, quando o grupo suíço entendeu melhor o modelo de negócios da Kopenhagen, uma marca com décadas de história no Brasil, e os seus planos para o futuro, que foi tomada a decisão de participar efetivamente da operação. “Não vamos modificar o DNA da organização.”

Ao contrário do Advent, que comprou a participação na CRM já pensando na sua venda – seguindo a lógica natural de um fundo de private equity -, a Nestlé fez uma aposta de longo prazo. Apesar da longa experiência com o Cade na compra da Garoto, Melchior revelou otimismo. “Vamos fazer todo o processo de aprovação com o Cade. Vamos seguir todos os rituais. Estamos confiantes que teremos os argumentos para que essa aquisição seja aprovada.”

Criada por imigrantes, marca teve a primeira loja aberta em 1929

Marca quase centenária que se tornou um símbolo de chocolates voltados à classe A, a Kopenhagen foi fundada em São Paulo pela família de imigrantes da Letônia Goldfinger Kopenhagen. A primeira loja foi aberta no centro da capital em 1929, um ano após o casal David e Anna começar a produzir marzipan (doce com pasta de amêndoa, ovos e açúcar) na cozinha de casa.

Na década de 1930, eles compraram um terreno no bairro do Itaim, onde montaram sua fábrica. A produção, que na época já incluía balas, chocolates e ovos de Páscoa, passou a incluir chocolates finos, biscoitos e panetones. Produtos como língua de gato, chumbinho (bolinhas crocantes de chocolate) e lajotinha (waffle com cobertura de chocolate) surgiram na década de 1940 e se tornaram clássicos da marca.

A expansão da rede de franquias e do faturamento da marca, porém, veio após a venda ao empresário Celso Ricardo de Moraes, em 1996.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Altamiro Silva Júnior

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