O varejo farmacêutico está em uma corrida desenfreada nos últimos anos. A ordem dentro de empresas como Raia Drogasil, Pague Menos e Drogaria São Paulo Pacheco é abrir uma loja em cada esquina, já que o setor tem margens bem apertadas. Agora, a Drogaria Iguatemi, uma pequena rede de sete lojas, também quer iniciar um processo de expansão mais agressivo e enxerga espaço para alcançar os consumidores das classes A e B com farmácias de alto padrão.
A companhia surgiu exatamente com esse objetivo, ao abrir sua primeira unidade no Shopping Iguatemi, em São Paulo, em 1966. Apesar do nome, a empresa não tem nenhum tipo de investimento do centro de compras controlado pela Iguatemi.
Desde então, a empresa se vende como uma “butique de bem-estar” e, apesar de vender todos os tipos de medicamentos, foca mais em produtos de higiene e beleza, além de eletrônicos como secadores de cabelo, umidificadores de ar e massageadores de limpeza facial que podem custar mais de R$ 2 mil.
A expansão da empresa sempre foi tímida. A rede abriu apenas sete lojas em 55 anos. Segundo o diretor da companhia, Leonardo Diniz, que também é um dos herdeiros da empresa, isso está prestes a mudar. O plano da Drogaria Iguatemi é abrir de 60 a 100 lojas em um período de cinco anos, sendo 60% das aberturas via franquias. “Queremos alcançar aqueles franqueados de lojas como Le Lis Blanc, que procuram um padrão diferenciado”, diz Diniz.
Para convencer essas pessoas a investirem em uma franquia de uma drogaria, a companhia criou uma nova bandeira, a Discover. A primeira unidade, que é própria, foi aberta no shopping CJ Shops, na região do Jardins, em São Paulo. A nova rede é inspirada na americana CVS e na britânica Boots. “Nem usamos o nome ‘drogaria’ na Discover, pois é um termo que está ficando em desuso”, afirma Diniz.
O executivo também aponta que a empresa vai atuar na área de serviços de saúde, de forma similar a de grandes redes. “Já temos salas de vacinação e para fazer exames. A pandemia fez com que as farmácias precisassem ser mais próximas das comunidades”, afirma ele, que também aposta na criação de um marketplace e na utilização das lojas como pontos logísticos para as entregas de vendas online.
RECUPERAÇÃO
A virada no negócio é também uma tentativa de recuperar vendas. Apesar de o varejo farmacêutico não ter sofrido como os outros durante a pandemia, a Drogaria Iguatemi viu seu faturamento cair de R$ 100 milhões para R$ 70 milhões, já que a maior parte de suas lojas estava em shoppings, que ficaram fechados durante os períodos de isolamento social.
Para Alberto Serrentino, sócio da consultoria Varese Retail, há espaço para a Iguatemi crescer, já que ainda não existe um modelo de negócio consolidado para a venda de produtos de higiene e beleza no País. “Lá fora, essas vendas são feitas em lojas de departamento, que deixaram de existir no Brasil. Então, existe um buraco no mercado brasileiro.”
EMPRESA FAZ PARCERIAS COM GRIFES DO SETOR DE BELEZA
Cerca de 70% do faturamento das farmácias brasileiras vêm das vendas de medicamentos. Na Drogaria Iguatemi, a conta praticamente se inverte: 60% da receita estão em higiene e beleza, que geralmente garantem margem de lucro maior, pois, ao contrário dos remédios, não têm preços controlados pelo governo.
A ideia é ampliar a aposta no segmento. Para isso, a empresa fechou a distribuição exclusiva com mais de 14 marcas. Entre elas estão a B.O.B, que produz cosméticos sólidos, como xampus, e marcas de influenciadoras digitais, como os produtos da Niina Secret, que possui 3,5 milhões de seguidores no Instagram.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por André Jankavski
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