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Com PEC, Ibovespa emenda 2ª perda, em baixa de 1,82%

Nesta terça-feira, o Ibovespa caiu 1,82% (Foto: Shutterstock)

A preocupação com inflação, a situação fiscal e o formato final da PEC dos Precatórios – questões entrelaçadas – manteve o Ibovespa em terreno negativo neste começo de segunda quinzena do mês, mais uma vez descolado do sentimento moderadamente positivo no exterior. Ontem, com a Bolsa fechada pelo feriado da Proclamação da República, a sugestão pelo presidente Jair Bolsonaro de “espaço” a ser aberto no Orçamento pela PEC dos Precatórios para acomodar aumento ao funcionalismo reverberou na retomada dos negócios, afetando também o câmbio e os juros futuros nesta terça-feira.

Ao final, o índice da B3 mostrava perda de 1,82%, aos 104.403,66 pontos, no menor nível de encerramento desde o último dia 4 (103.412,09), vindo de baixa de 1,17% na última sexta-feira. Hoje, a referência saiu de abertura a 106.335,67 pontos, chegando na máxima do dia aos 106.971,20 e, na mínima, aos 104.112,81 pontos, em queda então de 2,09%, no menor nível intradia desde o último dia 5 (também 103.412,09 pontos). Moderado, o giro financeiro desta terça-feira foi de R$ 27,9 bilhões, na véspera do vencimento de opções sobre o Ibovespa. Em novembro, o índice sobe agora apenas 0,87%, com queda no ano a 12,28%.

À tarde, a virada de Petrobras ON (+1,51%) e PN (+1,04%) para o positivo, acompanhando o desempenho dos preços da commodity, chegou a contribuir para mitigar o efeito de outras empresas e setores de peso, como mineração e siderurgia (Vale ON -2,88%, CSN ON -5,93%), enquanto o financeiro passava a ter performance mista na sessão, mas ao fim totalmente negativa, com Santander (Unit) mostrando perda de 2,17%, liderando o ajuste do dia entre as maiores instituições. Na ponta do Ibovespa, Suzano (+3,50%), Petrobras ON (+1,51%) e Pão de Açúcar (+1,45%). No lado oposto, Magazine Luiza (-12,65%), Locaweb (-11,78%) e Lojas Americanas (-9,26%).

Pouco depois do meio-dia, câmbio, bolsa e juros futuros se ajustavam a declarações de senadores sobre a PEC dos Precatórios, as quais sugerem que o texto tende mesmo a passar por alteração na Casa revisora, para ampliar a estreita margem de apoio à matéria, o que pode alongar o prazo de tramitação. Ontem, Bolsonaro havia dito que pode existir espaço orçamentário para atender reivindicações do funcionalismo. Hoje, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), observou que os servidores estão há três anos sem reajuste. Bezerra ressalvou que as “prioridades” serão discutidas no Orçamento.

Desde ontem, quando não houve negócios por aqui, a rodada de dados acima do esperado para a atividade econômica nos Estados Unidos, a começar pelo índice Empire State, resultou em ambivalência – ânimo pelo grau de recuperação visto, mas cautela pelo efeito sobre a condução da política monetária americana, já em viés de retirada de estímulos. Assim, na segunda-feira, os yields dos Treasuries longos avançaram, e os índices de ações em Nova York fecharam sem sinal único, perto da estabilidade, assim como o Brazil Titans 20, de ADRs. Hoje, os ganhos em NY foram moderados, com destaque para o Nasdaq, em alta de 0,76%.

“O Ibovespa teve abertura com ganhos, mas após os dados fortes de vendas no varejo e preços de importações nos EUA, os investidores voltaram a reforçar a cautela, com discursos mais contracionistas de membros do Fed e receios de inflação”, observa em nota a equipe de análise da Terra Investimentos, destacando declarações do presidente do Fed de Saint Louis, James Bullard, em tom ‘hawkish’, de que o Fomc, o comitê de política monetária do BC americano, deve buscar orientação mais agressiva nas próximas reuniões.

“A semana passada em Nova York foi a primeira entre as seis últimas em que os principais índices americanos fecharam com desempenho negativo. Tem pesado temores sobre a inflação, após o índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos indicar em outubro a maior alta em mais de 30 anos. Depois disso, naturalmente, as curvas de juros acabaram se elevando, afetando a atratividade e o fluxo para as bolsas”, diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos.

Por Luís Eduardo Leal

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