Há uma clara dicotomia entre o discurso que os membros do BC/Copom entusiasticamente propagam no período entre as suas reuniões e as decisões que adotam nos moldes repetitivos ancorados em razões, e sempre há muitas por parte dos economistas, para justificá-las, visto que não respondem pelo “erro” e quem é penalizado é o pais e sua classe menos favorecida, seu crescimento e desenvolvimento.
Teoria discursiva e pratica adotada não se alinham e o BC/Copom acaba sendo subserviente aos interesses mais alinhados ao mercado financeiro.
“O desabamento e a areia movediça” que nos assolam é evidente e com tendência clara de agravamento, não permitindo as ilações de que sejam “temporários” como tem sido argumento contumaz até recentemente, por isso era necessário contundência, atitude, ousadia mesmo, pois é preciso enfrentar a situação não com “estacas”, mas com arrimos fortes, não correndo atrás ao estilo “cachorro que corre atrás do rabo”, mas se antecipando pró ativamente aos prenúncios do caos na economia que já está assolada por intensa inflação, já ocorrida e já dada para os próximos meses, o que o próprio órgão reconhece como “persistente e disseminada”.
Por que esperar o desastre maior, se o dever de oficio do órgão é “zelar”, o que sugere ser previdente, estar à frente na curva, guiar e não ser guiado.
Com o ajuste de somente 1% pode ter deixado satisfeito o mercado financeiro, e até mesmo setores produtivos, mas a economia, o desenvolvimento e a retomada da atividade estarão severamente comprometidos, visto que o retrocesso será imperativo, o que deu de menos num lado será retirado no outro de forma indelével.
Era a grande oportunidade de reconduzir a taxa cambial a parâmetros compatíveis com a realidade técnica, mais próximo de 5 e utilizar o seu preço justo para contemporizar ajustes de preços relevantes e de grande repercussão na economia.
Oportunidade perdida não tenham dúvidas que a “fatura” chegará inibindo mais fortemente as projeções do PIB, dilapidando mais os salários com a liberdade dada para a inflação ocorrer livremente.
Enfim, este é o nosso ponto de vista!
Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO Corretora de Câmbio
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