Indicação de que uma unidade da Evergrande honrará parte de seus compromissos financeiros e de que o governo chinês pretende reestruturar a incorporadora chinesa, transformando-a em uma estatal, alivia os mercados externos e o Ibovespa deve pegar. Com o objetivo de manter a liquidez do sistema financeiro, o governo chinês injetou 120 bilhões de yuans (cerca de US$ 18,5 bilhões), o que, por ora, tira do radar o risco de contaminação da crise para a economia.
A redução da desconfiança em relação à crise envolvendo a chinesa Evergrande estimula compras na Bolsa brasileira, fazendo com que seu principal índice comece o pregão com máximas sequenciais. Em poucos instantes, saltou cerca de 2.100 mil pontos, e tenta defender os 112 mil pontos. A alta é puxada especialmente por ações ligadas ao setor metálico.
A onda de noticias vindas da China não para. Agora, o Conselho de Estado do país afirmou que trabalhará para garantir que a economia siga dentro de um “alcance razoável” em meio a desafios impostos por altos preços de commodities e a disseminação do coronavírus.
“Parece que o consenso é que a situação Evergrande não é tão grave como a crise do Lehman Brothers que gerou crise sistêmica em 2008 como foi noticiado esta semana”, afirma em nota Jennie Li, estrategista de ações da XP.
As notícias impulsionam as bolsas europeias e as de Nova York, bem como as commodities, onde investidores ainda esperam a decisão de política monetária do Fed, à tarde, e eventuais sinalizações a respeito do tapering. “E hoje todas as atenções se voltam ao Fed, que tende a fazer anuncio sobre a retirada dos estímulos”, ressalta a estrategista da XP.
O petróleo avança acima de 1%, enquanto o minério de ferro disparou 16,84% no porto chinês de Qingdao, a US$ 108,70 a tonelada, conforme operadores.
“A leitura é de que o governo chinês tem capacidade de controlar os problemas no setor imobiliário. Da mesma forma, há uma percepção de que o grau de contágio crise de liquidez da Evergrande é muito baixo para outros mercados de crédito”, avalia o economista-chefe do BV, Roberto Padovani, em análise matinal enviada a clientes e à imprensa.
A despeito do alívio dos mercados locais ontem no início da tarde com a solução dos precatórios, o assunto ainda deve ficar no radar. A medida deve tirar R$ 49 bilhões dessas despesas do teto de gastos em 2022. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, uma parte do pagamento dos precatórios previstos para o ano que vem pode ficar fora do teto, pelo acordo negociado entre governo e Congresso, que quer agilizar sua aprovação.
Além disso, grandes empresas, bancos e fundos de investimento devem ser afetados pelo acordo, o que pode limitar a expectativa de alta do Ibovespa e de determinadas ações. O Estadão/Broadcast teve acesso à lista dos 51 credores dos chamados “superprecatórios”, cuja fatura a ser paga pela União em 2022 supera individualmente os R$ 66 milhões. Sem considerar os precatórios de Estados, a maior dívida da União para 2022 é com a Petrobras: uma fatura de R$ 2,6 bilhões.
No entanto, as ações da estatal subiam 2,98% (PN) e 3,32% (ON) às 10h39. Nem mesmo os rebaixamentos de recomendação de compra de Vale pelo HSBC e pelo Bank of America (BofA) impedem alta dos papéis da mineradora (5,74%). Destaque ainda para Usiminas PNA (9,63%), CSN ON (7,02%), Gerdau PN (7,00%) e Gerdau Metalurgia PN (6,80%). As ações de bancos subiam com força, também, em dia de decisão do Copom, que deve elevar a Selic de 5,25% para 6,25% ao ano, hoje.
Ontem, o índice fechou em alta de 1,29%, aos 110.249,73 pontos.
Às 10h42, o Ibovespa subia 1,94%, aos 112.386,46 pontos.
Por Maria Regina Silva
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