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Juros sobem e curva inclina com piora de risco fiscal e político

Taxas curtas zeraram viés de queda e terminaram estáveis e as longas subiram (Fonte: Shutterstock)

A curva inclinou mais no período da tarde com a piora da percepção sobre a crise política e institucional e o risco fiscal no radar. As taxas curtas zeraram o viés de queda e terminaram estáveis e as longas subiram além dos 20 pontos-base. Depois da apresentação do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2022, com redução drástica na previsão de déficit para 2022, chegaram a se afastar das máximas atingidas no começo da segunda etapa, mas no fechamento da sessão regular voltaram a acelerar.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 passou de 6,759% para 6,74% e a do DI para janeiro de 2023, de 8,405% para 8,48%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 9,95%, de 9,723% na segunda-feira.

O déficit do setor público consolidado em julho, de R$ 10,283 bilhões, veio abaixo da mediana das estimativas de saldo negativo de R$ 13,4 bilhões, mas não foi suficiente para se sobrepor às preocupações vindas de Brasília, com o mercado cada vez mais cauteloso com as manifestações programadas para 7 de setembro. Renan Sujii, analista de Investimentos, lembra que o mercado, que estará fechado naquela data, pode estar se antecipando a um eventual agravamento do quadro político uma vez que movimentos pró-Bolsonaro prometem “fazer barulho”.

A tarde já começou com taxas batendo máximas atribuídas à piora do clima institucional, dada a apuração do Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) de que a insatisfação do Senado com Guedes cresceu nos últimos dias e com isso também o risco de a pauta econômica patrocinada pelo governo “subir no telhado”. Também pesou a informação publicada pelo jornal O Globo de que o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, teria ameaçado bancos de perder negócios com o governo se assinassem nota da Fiesp.

Na última hora da sessão regular, houve a apresentação do PLOA 2022 e o mercado viu com bons olhos a redução da estimativa de déficit primário, de R$ 170,5 bilhões para R$ 50 bilhões, o que permitiu uma breve despressurização da curva. O secretário do Orçamento Federal, Ariosto Culau, disse que o governo está cada vez mais próximo do equilíbrio das contas, do déficit zero.

Diante de todo esse contexto, agosto terminou com ganho importante de inclinação na curva do DI em vários tipos de métricas. Na comparação entre o contrato mais líquido, janeiro de 2023, com o janeiro de 2027, melhor expoente da ponta longa, o spread abriu 24 pontos em relação ao fim de julho. Entre os DIs para janeiro de 2027 contra janeiro de 2022, o diferencial passou de 272 pontos em 30 de julho para 321 nesta terça.

De lá para cá o drama fiscal só cresceu pela questão dos precatórios e pressão política por expansão dos programas sociais que não encontram respaldo em receitas, pelo aumento das tensões entre Judiciário e Executivo e falta de consenso na reforma do imposto de renda. A crise hídrica, do mesmo modo, piorou, com níveis dos reservatórios baixando e exigindo acionamento das térmicas, cuja energia é mais cara.

Por Denise Abarca

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