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IPOs de techs avançam na B3 e acirram competição no cenário digital

Analistas ainda buscam separar o joio do trigo dentre startups e techs (Foto: Shutterstock)

As startups de tecnologia voltaram a chamar a atenção durante a rodada de IPOs (ofertas iniciais de ações, na sigla em inglês) na B3 no primeiro semestre, com promessas ligadas ao promissor e-commerce brasileiro alimentando o apetite pelas ações, que agora estão sob escrutínio de analistas e investidores de olho na entrega de resultados em meio à competição acirrada.

Depois da entrada nomes como Méliuz (CASH3), Enjoei (ENJU3), Neogrid (NGRD3) e Locaweb (LWSA3), em 2020, com ações já acumulando ganhos fortes desde a abertura de capital, nesta primeira metade de 2021 outras techs brasileiras debutaram na Bolsa, incluindo Bemobi (BMOB3), Infracommerce (IFCM3), Mosaico (MOSI3) e Getninjas (NINJ3), também surfando no bom momento do mercado.

A entrada de ações de techs amplia o leque de opções de investimento na B3, ainda muito concentrada nos setores financeiro e de commodities. Oferece aos investidores uma oportunidade de exposição ao crescimento do consumo no Brasil, mesmo aquele não atrelado a lojas físicas, agora com a digitalização acelerada pelo isolamento social provocado pela pandemia.

Joio do trigo

Além disso, com o dinheiro levantado no IPO, as startups carregam a expectativa de acelerar a inovação e crescer de forma exponencial, eventualmente consolidando segmentos via fusões e aquisições (M&A), sob uma estrutura de custos enxuta. “A moda virou tendência e empresas do setor de tecnologia vieram pra ficar”, dizem, em relatório, os analistas Bruno Rosolini e Eduardo Nishio, da corretora Genial Investimentos.

Neste contexto, o Mercado News consultou analistas para saber se já é possível separar o “joio do trigo” dentre as techs brasileiras. E, aparentemente, não há consensos. Entre startups diretamente conectadas a vendas digitais e fintechs com soluções financeiras, as análises têm buscado entender cada vez mais quais serão os vencedores da corrida pelo cliente, com potencial para monetizar a base.

“Não [é possível separar o joio do trigo], e na verdade está cada vez mais difícil. Cada vez mais empresas estão entrando, todas elas aparentam ter uma capacidade muito grande, todas elas estão conseguindo se capitalizar muito facilmente, mas é cada vez menos evidente saber qual dessas será a grande vencedora lá na frente”, afirma Rafael Reis, analista do setor financeiro do BB Investimentos, enfatizando o aumento das forças competitivas.

Nesta linha, um dos caminhos para o investidor pode ser o da diversificação entre techs para diminuir a correlação entre os ativos. A dupla de analistas da Genial recomenda “comprar” as ações da empresa de cashbak e cupons de desconto Méliuz, da Mosaico, empresa especializada em conteúdo comercial digital dona de Buscapé e Zoom, e da Bemobi, que atua na venda de aplicativos, jogos e serviços digitais, com preços-alvo de, respectivamente, R$ 55, R$ 30 e R$ 35. Eles elegem Méliuz como a “escolha genial”.

Perspectiva

“Estas empresas de tecnologia chegam na Bolsa com muito do sucesso futuro embutido no preço, e algumas delas inevitavelmente vão frustrar o mercado”, diz Phil Soares, chefe de análise de ações na Órama, plataforma de investimentos e corretora. Para ele, em alguns casos, o storytelling e a confiança no management acabam falando mais alto do que o negócio e a estrutura em jogo. Na visão dele, a “melhor oportunidade de investimento no nicho tecnológico” é por meio de BTG Pactual (BPAC11), que vem realizando aquisições de fintechs visando o público de varejo do setor financeiro e tem participação relevante no Banco Pan (BPAN4).

Olhando o cenário macroeconômico, Soares admite que há riscos de um cenário de juros subindo tanto aqui quanto nos Estados Unidos. “Aumentos nos juros naturalmente tornam o dinheiro no futuro menos valioso, o que reduz o preço de todas as ações, em especial aquelas cujo valor está muito no futuro – que é o caso das techs. Empresas com negócios correntes bem estabelecidos, como bancos, elétricas e indústria, não têm esse efeito tão pronunciado.”

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