O dólar teve novo dia de forte queda, ajudado por novo leilão extraordinário do Banco Central, de US$ 1 bilhão, e exterior positivo, com recuo generalizado da moeda americana no mercado internacional e alta das bolsas, com novos recordes em Nova York. As taxas dos juros longos americanos, que têm sido o principal fator a influenciar o comportamento do dólar mundialmente nos últimos dias, tiveram hoje sessão menos volátil e, nos negócios da tarde, reduziram o ritmo de alta, após o papel de 10 anos bater em 1,55% no final da manhã.
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No fechamento, o dólar à vista encerrou o dia em baixa de 1,94%, cotado em R$ 5,5428 – menor nível desde 25 de fevereiro. Ontem, a moeda americana havia caído 2,5%, em meio a dois leilões do Banco Central. No mercado futuro, o dólar para abril caiu 2,38%, a R$ 5,5430.
Os estrategistas do Citigroup em Nova York acreditam que o BC seguirá mais ativo no câmbio pela frente, em meio à preocupação da autoridade monetária com o aumento da pressão inflacionária por conta da disparada do dólar. A moeda americana chegou a tocar mínimas hoje mais cedo, quando foi divulgado o IPCA de fevereiro, que mostrou inflação de 0,86%, acima do teto das estimativas do Projeções Broadcast, de 0,80%. Com isso, a curva de juros passou a precificar alta de juros de 0,75 ponto porcentual na reunião do Copom da semana que vem, mas entre economistas, como os do Barclays, Citi, Credit Suisse e Bank of Americana, a visão é de aumento de 0,50 ponto.
Para o economista sênior de América Latina da Pantheon Macroeconomics, Andres Abadia, a forte piora recente do real, por conta da elevada incerteza política, pode se mostrar temporária, por conta justamente do início do ciclo de alta de juros no Brasil, além do andamento da vacinação no País. Mas ele alerta que a disparada de casos de covid em conjunto com uma vacinação ainda lenta precisam ser monitorados. Além disso, as preocupações fiscais tiveram melhora com o avanço da PEC Emergencial, mas não se dissiparam, mantendo o real ainda sob pressão.
Outro fator a se monitorar, comenta Abadia, é o efeito do potencial retorno político de Luiz Inácio Lula da Silva. No setor externo, a alta dos preços de commodities é positiva para o real, embora até agora o câmbio no Brasil não tenha reagido a esta melhora, por conta da piora do ambiente político desde o episódio de interferência da Petrobras, destaca o economista.
Os economistas em Washington do Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos 500 maiores bancos do mundo, comentam que a elevação das taxas dos títulos americanos fez estrangeiros retirarem recursos dos emergentes nos últimos dias, em nível que se aproxima do pior momento do chamado “Taper Tantrum” de 2013, quando houve estresse no mercado internacional com temor de que o Federal Reserve fosse reduzir os estímulos monetários.
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