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Otimismo dos mercados com reformas encara jogo político

(Foto: Shutterstock)

Após as vitórias de parlamentares alinhados com a agenda governista nas duas Casas do Legislativo, valorizando ativos brasileiros pela maior previsibilidade do risco político, os mercados devem começar a assimilar os obstáculos a serem enfrentados para o avanço das agendas de reformas e privatizações, desde a pressão de grupos de interesse contra medidas tidas como prioritárias até o desafio de manter intacto o teto de gastos.

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Depois da posse de Arthur Lira (PP) como presidente da Câmara dos Deputados e de Rodrigo Pacheco (DEM) no Senado, ambos apoiados pelo Palácio do Planalto, os mercados responderam de forma positiva, com os juros futuros caindo e o dólar recuando frente ao real, enquanto o Ibovespa retomou os 119 mil pontos após as perdas da semana anterior. O cenário otimista, porém, não é eufórico, entendendo que a mudança das lideranças no Congresso é apenas o primeiro passo de um trabalho árduo para a aprovação da agenda de reformas e privatizações.

Analistas avaliam que os próximos 15 dias serão cruciais para determinar os rumos da política econômica brasileira no biênio 2021-2022, mantendo em foco a possibilidade de retorno do auxílio emergencial, colocado como pauta prioritária após reunião entre Lira e Pacheco, e o respeito ao teto de gastos.

Rodrigo Maia

Para alguns operadores de mesa, a saída de Rodrigo Maia (DEM) da presidência da Câmara é fundamental para o andamento das pautas que seguiam travadas no Congresso, enquanto outros enxergam na eleição de Lira uma forma de o presidente Jair Bolsonaro garantir sua permanência no cargo.

“Tudo, até a mudança de comandos no Congresso, transparecia muito “preso” por ação do Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, por isso tudo no país parecia mais difícil e inviável, mas agora o país terá condições de validar as “verdades e mentiras” no em torno da falta de dinâmica nas ações governamentais, podendo ter um diagnóstico mais preciso sobre as origens da inércia”, escreveu Sidnei Nehme, diretor-executivo da NGO corretora de câmbio, em nota a clientes.

Agenda

Na análise do economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, superado o desafio de pautar os projetos, resta ainda “todo o resto” do processo legislativo. Se tratando da probabilidade de aprovação de itens da agenda do governo, Sanchez enxerga a PEC Emergencial como a mais tangível no momento, pois ela deve viabilizar a elaboração do orçamento de 2021, o que é de interesse dos congressistas, e menciona pautas “infra-constitucionais” como a autonomia do Banco Central (BC) e privatizações que enfrentam oposição de pequenos grupos.

Sobre as propostas que exigem maior esforço para aprovação, o economista destaca a reforma tributária: “a proposta da reforma tributária tende a ser neutra. Quando ela é apresentada por partes, se tem um desequilíbrio inicial que será compensado por outras partes, criando uma oposição forte de quem vai começar pagando.” Já a reforma administrativa é tida por Sanchez como “marginalmente mais fácil”, já que não ataca os interesses dos servidores da ativa, apenas dos novos entrantes, o que reduz a oposição.

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