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11 temas que devem agitar os mercados em 2021, segundo o Banco Fibra

(Foto: Shutterstock)

Taxa básica de juros parada nos 2% ao ano, com recuperação mais lenta da economia do que o restante dos países do G-20 e sem aprovação das reformas tributária e administrativa ao longo do ano – talvez nem até o fim do mandato do governo Jair Bolsonaro.

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Esse é, basicamente, o cenário de Brasil traçado pelos economistas do Banco Fibra, Cristiano Oliveira e Ágila Cunha, para 2021. E faz parte de um estudo em que eles elencaram 11 temas que devem mexer com os preços dos ativos ao longo deste ano. São 7 tópicos globais e 4 de riscos e acontecimentos domésticos.

Para o cenário externo, a dupla do banco aponta para o risco de inflação em alta, com possibilidade de reversão da forte expansão monetária promovida pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) após a provável aceleração de estímulos fiscais pelo presidente eleito, Joe Biden, em um cenário de enfraquecimento global do dólar.

E quanto à pandemia de Covid-19? O time do Banco Fibra não descarta o aparecimento de um novo tipo de coronavírus resistente às vacinas atualmente disponíveis.

A seguir, veja os 11 temas que devem repercutir nos mercados em 2021, segundo a equipe do Banco Fibra:

1. Vacinação em massa das economias centrais 

Com grande avanço científico em pouco tempo, a disponibilidade de vacinas para a população de países centrais já é realidade. A população global pode ter que esperar um pouco mais, mas é possível dizer que até o fim de 2021 o processo de vacinação já estará encerrado nos EUA, União Europeia, Canadá e Japão. Alguns países estão mais adiantados e outros mais atrasados com o plano de vacinação, mas a maior probabilidade é que apenas em 2022 a maior parte da população esteja imunizada. Portanto, um dos riscos importantes a ser monitorado é o aparecimento de um novo tipo de coronavírus resistente às vacinas atualmente disponíveis.

2. Os desafios do novo presidente dos EUA, Joe Biden – internos

Um dos maiores desafios internos é reunificar o país “dado o radicalismo que o trumpismo inseriu no cenário político”, segundo o estudo.

3. Os desafios do novo presidente dos EUA, Joe Biden – externos

A política externa isolacionista de Trump foi negativa para os EUA, dizem os economistas. A liderança norte-americana foi negativamente impactada por conta dos diversos acordos internacionais rompidos ou violados, a ausência em discussões como meio ambiente e sanitária e a perda de parcela significativa do protagonismo internacional para a China. O desafio de Biden será trazer os Estados Unidos de volta ao cenário global em um momento de divisão de protagonismo.

4. China deve liderar o crescimento global em 2021 

Após registrar crescimento de aproximadamente 2% no ano de pandemia, em que o PIB mundial apresentava retração, a previsão é que a economia chinesa cresça entre 9% e 10% em 2021. “A demanda chinesa continuará sendo o principal motor para o crescimento dos mercados emergentes”, avaliam os economistas.

5. Continuidade do “Trade War” entre EUA e China 

A disputa de protagonismo entre EUA e China deve continuar nos nos próximos meses. O presidente Joe Biden deve ter novas táticas de confronto mais efetivas, mas nem eventuais acordos entre as duas potências devem reduzir o conflito. As questões de tecnologia e cyber segurança devem ser protagonistas em 2021.

6. Recuperação da economia global e o risco de reaparecimento da inflação 

A previsão é que a maior parte das economias volte a crescer em 2021 após a forte retração do PIB por conta da pandemia. Porém a maior parte dos bancos centrais ainda deve manter algum tipo de estímulo monetário em 2021, podendo retomar a alta da inflação nas principais economias, principalmente as que contenham a taxa de desemprego próxima do natural.

7. Enfraquecimento do dólar no âmbito global, inflação e o risco de alta da taxa de juros nos EUA

É provável que o dólar continue o processo de desvalorização causado pela forte expansão monetária promovida pelo Federal Reserve nos últimos meses a fim de estimular a economia. Assim, é também avaliado como crescente o risco de aceleração da inflação no país. “Conforme a economia norte-americana voltar ao normal com a vacinação em massa e, a partir daí, acelerando a taxa de crescimento, esperamos aceleração do processo de depreciação cambial”, dizem os economistas. A previsão é que Biden acelere o ritmo de expansão fiscal em seu primeiro ano de governo, o que também ajudará na tendência de desvalorização do dólar. E aí deve ser considerada a possível reação do Fed se os sinais de pressão inflacionária forem altos, com eventual de início de redução das compras de ativos já no segundo semestre ou a sinalização de que em 2022 a taxa de juros voltará a subir. Se o cenário de enfraquecimento do dólar se confirmar, a avaliação é que moedas de países exportadores de commodities estarão entre as mais beneficiadas, assim como o mercado de ações em mercados emergentes pode ser beneficiado com o cenário estimado.

8. Crescimento da economia brasileira em 2021: o risco de insuficiência de demanda agregada

O maior desafio na economia brasileira é entender qual serão os resultados do fim dos estímulos da política fiscal. O auxílio emergencial evitou uma recessão prolongada em 2020, mas não será pago em 2021, o que deve causar um impacto sobre o consumo da população, já que a taxa de desemprego deve se manter em alta. Esses fatores devem reduzir o crescimento trimestral médio para mais próximo de 0% ou até mesmo provocar retração da atividade em 1 ou 2 trimestres do ano. Na visão do Fibra, a absorção doméstica (consumo e investimentos) deve crescer cerca de 1 ponto percentual a menos que o PIB em 2021.

9. Continuidade da agenda de reformas 

O Banco Fibra não acredita na aprovação de reformas como a tributária e administrativa em 2021. “Somos céticos que o atual governo consiga aprovar outras reformas até o final do mandato”, afirma a equipe do banco.

10. Sem upgrade em 2021 e risco de downgrade

A avaliação é que as principais agências de risco devem manter a atual nota de crédito da dívida brasileira sem upgrade até o fim de 2022. Já um eventual downgrade é possível se o compromisso fiscal for abandonado. Depende da popularidade do presidente Jair Bolsonaro, pois o governo pode mudar a rota e abraçar o populismo se sua popularidade cair muito.

11. Política monetária em 2021

Se o risco de baixo crescimento se concretizar, a taxa de desemprego deve se manter em nível alto, afastando o risco de pressão inflacionária. Por conta disso, o cenário base é de manutenção da taxa Selic no patamar atual de 2% ao ano ao longo de 2021, por conta da lenta recuperação da economia brasileira.

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