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Alagoas deixa histórico de piores resultados do País e supera metas do Ideb 2019

Alagoas aparece entre os cinco estados que conseguiram superar a meta do Ideb 2019 nos anos finais do ensino fundamental, ou seja, do 6º ao 9º ano, com a nota 4,5. O objetivo era no mínimo 4,1. Nos anos iniciais, que vão do 1º ao 5º ano, os resultados também foram positivos: índice de 5,3, quando a meta era 4,3, deixando o Estado entre os 21 que ultrapassaram o objetivo definido pelo MEC.

A explicação para o desempenho, segundo a secretária estadual de Educação, Laura Souza, está na mobilização integrada de professores, diretores, servidores em geral, alunos e gestores municipais e estaduais. “Houve um esforço dos profissionais, um engajamento, que só foi possível porque todo mundo se envolveu”, avalia.

O engajamento a que ela se refere foi motivado por uma série de medidas implementadas pelo Programa Escola 10. A ação, que virou lei, desenvolveu uma rotina de avaliações de alunos e formação de professores com base nos resultados, e em contrapartida, uma premiação a municípios, escolas e servidores.

Inspirada no Ceará, pioneiro no regime de colaboração entre estado e município, o programa alagoano desenvolveu formas de apoiar as secretarias de educação para elevar o Ideb e, por consequência, o nível da educação básica.

Uma das ações é uma prova similar à do Ideb, mas aplicada apenas localmente, em todas as escolas das redes municipais, para fazer um diagnóstico do que está errado. A escola recebe o resultado e, a partir do mesmo, identifica suas fragilidades e planeja soluções.

Quem também recebe os dados são formadores que irão capacitar professores nos 102 municípios com foco nas dificuldades apresentadas no exame. Já o aluno ganha apostilas para reforçar o estudo. E, ao final do ciclo, os maiores avanços são reconhecidos por meio de prêmios em dinheiro.

“Fazemos o que chamamos de formação em serviço dos professores. É paga uma bolsa para formadores atuarem nos municípios, olhando o resultado da avaliação e trabalhando com o professor. Além disso, os bons resultados das escolas, dos municípios e, na rede estadual, do servidor, são premiados”, explica Laura.

São destinados R$ 20 milhões para rateio entre os municípios, divididos entre anos iniciais e anos finais do ensino fundamental. Só recebem aqueles que atingem as metas. As escolas podem receber até R$ 20 mil e, na rede estadual, os servidores, desde o vigilante até o diretor, ganham um bônus até R$ 2 mil.

Quarta maior nota

Quem pesquisa por Jequiá da Praia na internet geralmente encontra belas paisagens de dunas e mar da pequena cidade com pouco mais de 10 mil habitantes. Mas o município localizado a 1h30 da capital Maceió tem algo mais a mostrar. É lá que está localizada a Escola Manoel Cotias de Jesus, que conquistou a quarta maior nota do Brasil no Ideb anos iniciais do fundamental, 9,7.

O diretor Fábio Pilar acrescenta um fator ao falar sobre a integração que levou aos bons resultados: os pais de alunos. “O resultado é fruto de uma ação conjunta, entre escola, município e Estado. Desenvolvemos ações, projetos e intervenções sempre focando na conquista dos alunos, pais e toda equipe escolar”, afirma.

O município de Jequiá ficou em terceiro lugar no Estado com a nota referente aos anos iniciais, 8,1, e em primeiro, empatado com Coruripe, nos anos finais, com 7,2.

Ensino médio

Para a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal), Consuelo Correia, o Programa Escola 10 colaborou com o bom desempenho do Estado no Ideb, em relação ao ensino fundamental. Mas ela vê com preocupação os números do ensino médio, onde a meta não foi atingida.

Consuelo Correia também afirma que é preciso compreender melhor quais os critérios de avaliação do Ideb, que, segundo defende, não deve ser um exame linear para todo o País, quando as diferenças regionais são grandes. “O que significa a avaliação em larga escala, o que ela demonstra? Deve-se avaliar de forma desigual os desiguais. Não posso ter uma avaliação de Norte a Sul do Brasil com a mesma proposta; de crianças e adolescentes do Rio Grande do Sul igual à de Alagoas, que tem o maior índice de analfabetos do País”, defende.

Por Deborah Freire, Especial para o Estadão

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