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Aumento de ofertas de ações indica forte onda de capitalização

(Foto: B3)

A quantidade de empresas que estão procurando realizar aberturas de capital (Initial Public Offerings, IPO) e ofertas subsequentes (follow-on) continua crescente em 2020, mesmo em um cenário de crise econômica global devido à pandemia, as ofertas de ações seguem forte na B3.

Os motivos para a capitalização são diversos. Otimizar a alavancagem financeira e o custo das dívidas, expandir as operações, financiar fusões e aquisições e, a causa mais comum, permitir a saída de gestoras de Private Equity que participam por anos da gestão da empresa investida para valorizá-las e rentabilizar por meio da venda no mercado.

Nesta terça-feira (25) foram registrados mais alguns comunicados sobre as ofertas:

Primeiro os IPOs: i) Casa de Pedra – Braço de Mineração da Companhia Siderúrgica Nacional (CSNA3), estimada em 10 bilhões de reais; ii) Rede D’Or – Rede de hospitais de grande porte, sendo o São Luiz como uma das principais bandeiras, estimada em R$ 12 bilhões a R$ 15 bilhões; iii) Mosaico – Empresa especializada em conteúdo comercial digital que junta empresas como Buscapé, Zoom e Bondfaro que dá lucro desde 2014 – tamanho da oferta não divulgada, mas pode ser avaliada em R$ 5 bilhões.

Follow-ons: Banco Inter anunciou ontem a oferta de mais 14,5 milhões de Units (BIDI11), com valor aproximado de R$ 900 milhões de reais, sendo 100% primária.

Além dos anúncios do dia de ontem, já foram realizadas outras vendas importantes no mercado, como os follow-ons de Lojas Americanas (LAME3/LAME4) de 7,9 bilhões, Via Varejo (VVAR3) de 4,5 bilhões, Rumo (RAIL3) de 6,4 bilhões, além das vendas de ações pela BNDES da Petrobras (PETR3/PETR4) no valor de R$ 22 bilhões e na Vale de R$ 8 bilhões.

Apesar de parecer euforia à primeira vista, a combinação de fatores macroeconômicos favorece todo esse movimento. Em um ambiente com juros historicamente baixos, injeção de dinheiro na economia pelos bancos centrais e um cenário de consolidação de mercado em diversos setores, com ativos mais baratos, faz sentido procurar uma capitalização via ações do que por meio de dívidas, conseguindo melhorar a estrutura de capital e aumentar a rentabilidade da empresa no longo prazo.

Especificamente das ofertas mais recentes, a CSN busca reduzir sua alavancagem para melhorar a estrutura de capital, ainda fora da meta ideal. A companhia vem melhorando a estrutura de seus contratos e vendendo algumas subsidiárias para enxugar o balanço. A oferta deve vir no quarto trimestre.

A Rede D’Or parece ter encontrado uma janela ideal para a abertura de capital, já esperada há algum tempo pelo mercado pelo seu tamanho, qualidade da operação e poder de barganha com os planos de saúde, com rentabilidade crescente, com Receita Líquida de R$ 13,3 bilhões, Ebitda de R$ 3,48 bilhões e Lucro Líquido de R$ 1,18 bilhão, crescimento de (22, 30,5 e 20,4%, respectivamente em relação ao ano anterior). A oferta conta com a saída do fundo Carlyle, que tem em seu acordo de acionista essa previsão de venda da participação no mercado.

A Mosaico vem para expandir em um cenário de aceleração da digitalização, principalmente no varejo e pode ganhar mais tração com a oferta, reduzindo a dívida e expandindo para outros setores como moda, móveis, beleza e a linha de re-commerce (produtos usados). Hoje a companhia conta com um Valor Bruto dos Mercadorias (GMV) estimado de R$ 5 bilhões.

O Follow-on do Banco Inter (BIDI11) vem para reforçar o seu crescimento e acelerar a transformação em uma plataforma de soluções financeiras digitais, por meio de aquisições e implementação de parcerias e novas tecnologias. Recentemente a empresa vem crescendo em sua linha de Market Place, conectando clientes do Banco à diversas lojas parceiras, com ganho de cashback por meio de compras em suas lojas por intermédio do Inter.

O fluxo de capital para financiar essas operações, em partes, vem da crescente participação de pessoas físicas de maneira vertiginosa na Bolsa, já chegando perto de 3 milhões de contas abertas (CPFs).

Os IPOs são positivos na visão do investidor que ganha mais opções de investimentos e poder de escolha, mas bom lembrar que uma análise cuidadosa da empresa é sempre bem-vinda, para que não aconteça um revés inesperado, dada as informações mais limitadas reveladas nos prospectos das ofertas.

Já tiveram sucesso na abertura de capital esse ano as Lojas Quero-Quero (LJQQ3), D1000 Varejo Farmacêutico (DMVF3), Grupo de Moda Soma (SOMA3), Ambipar Gestão de Resíduos (AMBP3), Moura Dubeux Incorporadora (MDNE3), Locaweb (LWSA3), Priner Serviços Industriais (PRNR3) e Mitre Realty Incorporadora (MTRE3).

Existem mais de 30 prospectos de IPO protocolados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), com destaque para empresas maiores e conhecidas como: Lojas Havan, Compass (braço de gás natural da Cosan), Farmácias Pague Menos, PETZ e Caixa Seguridade.

Outros IPO ficaram pelo caminho até o momento, como a Incorporadora Riva, Incorporadora You Inc. e Banco Votorantim (adiado devido à pandemia), mesmo neste cenário benigno para ofertas.

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