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Práticas de governança corporativa da JHSF são colocadas em xeque

(Foto: Divulgação)

Em tópico de documento (formulário de referência) entregue pela JHSF à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 19 de agosto, a empresa de auditoria EY afirma que o controlador da companhia recebeu pagamentos da empresa, em transações sem o aval do conselho de administração ou da diretoria estatutária, nos casos em que era obrigatória a análise.

Trata-se de compra venda de terrenos de José Auriemo Neto, presidente do conselho, para a companhia. Ele é o maior acionista individual da JHSF, com 12% das ações. A família Auriemo tem 55% do capital.

Pelo estatuto social, qualquer transação com sócios controladores precisa de aprovação do conselho se superar R$ 5 milhões. Caso fique abaixo desse valor, é obrigatória a anuência de dois diretores estatutários. A EY diz que três operações acima desse limite (quase R$ 30 milhões pagas ao controlador) foram aprovadas sem o aval do colegiado. Outras duas, de menor valor (R$ 3,8 milhões, no total), também feita com o sócio, não tiveram anuência de diretores.

A JHSF Participações, controlada pela família Auriemo, tem sido alertada desde 2018 pela sua auditoria EY sobre transações “não usuais ou complexas” que resultaram em “irregularidades”, por estar em desacordo com o seu estatuto social.

Os auditores ainda citam outras quatro operações no montante de R$ 324,6 milhões, entre julho e dezembro de 2019, que não foram aprovadas como o determinado no estatuto.

Na sexta-feira, foi enviada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) uma reclamação anônima que solicita análise de eventuais falhas de contabilidade, controle e governança da JHSF.

As práticas apontadas pela EY não se caracterizam como ilegais perante a Lei, mas acendem o sinal amarelo em relação às melhores práticas de governança corporativa ainda mais por ser uma companhia listada no Novo Mercado, nível mais alto de governança corporativa da B3.

As ações JHSF3 acumularam uma queda de 3% nos últimos três pregões ante queda de 0,5% no índice Bovespa. A chegada do assunto à CVM na última sexta-feira (21) deve manter o viés negativo no curto prazo.

A empresa admite que falhou em processos internos, mas que vem buscando aprimorar controles. A companhia disse que adequou seus controles para evitar a recorrência dessas situações ao longo de 2019.

Desde 2019, após duas ofertas de ações de cerca de R$ 900 milhões, os papéis da JHSF ganharam liquidez e a visibilidade da empresa aumentou, o que acaba elevando cobranças e necessidade de transparência. Hoje são pouco mais de 121 mil pessoas físicas com ações da JHSF, versus 30 mil em dezembro.

No início de julho, a companhia anunciou a aquisição de um terreno de 34,5 mil metros quadrados ao lado do Shopping Cidade Jardim, em São Paulo. Como o Shopping Cidade Jardim é um dos empreendimentos de maior sucesso da JHSF, a aquisição tem grande potencial.

Outra importante notícia foi a chegada da Villa XP, um campus amplo e futurista semelhante ao que Apple e Google têm no Vale do Silício. Não bastasse a XP anunciar a compra de 500 mil metros quadrados da companhia em São Roque, a apenas 30 km da Fazenda Boa Vista, o novo campus vai valorizar de uma só vez dois ativos que a JHSF detém na área: o Catarina Fashion Outlet e o aeroporto executivo da empresa, cuja pista fica a menos de 500 metros dos futuros escritórios.

Em 2020, as ações da JHSF (JHSF3) acumulam alta de 16,5% ante queda de 12,2% no Ibovespa.

O principal catalisador das ações da JHSF é o desempenho na incorporação imobiliária, com grandes projetos multiuso como o shopping Cidade Jardim, com foco no mercado de alto luxo e altíssima renda em São Paulo.

Permanecem como risco as práticas de governança corporativa da empresa que foram colocadas em xeque. Segundo analistas,  a resposta da empresa não foi muito satisfatória até o momento.

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