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Bolsa inverte sinal e fecha com alta de 1,39%; dólar fica a R$ 5,38

(Foto: Shutterstock)

A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, inverteu o sinal e fechou em alta nesta segunda-feira, 1º de junho, após ser beneficiada pelos ganhos das ações do varejo e setor bancário. O índice encerrou o dia com alta de 1,39%, aos 88,620,10 pontos. Já o dólar diminuiu o ritmo de valorização e fechou com leve alta de 0,93%, cotado a R$ 5,3834, após o Banco Central intervir pela segunda vez no câmbio.

O mercado observa atento nesta segunda, as consequências dos protestos do último fim de semana no País, que se dividiram entre atos pró-Bolsonaro e pró-democracia. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, chegou a comparar o Brasil à Alemanha de Hitler. O líder da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, também criticou o que chamou de “ataques à democracia”, em referência aos movimentos em prol do presidente.

Apesar da tensão política, o investidor acompanha com empolgação a retomada da economia em Estados como Rio de Janeiro e São Paulo. A expectativa favoreceu as ações do setor da educação, com Cogna subindo a 5,89% e Ser Educacional com ganho de 4,74%. O varejo também ganhou destaque, com Via Varejo subindo 9,19%. Os bancos também ganham, com Santander avançando 4,63% e Banco do Brasil 3,89%.

A alta do Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro, veio descolada de Nova York nesta segunda, que teve apenas ganhos marginais. Por lá, os desdobramentos em torno da morte de George Floyd, um homem negro de 46 anos por Derek Chauvin, um policial branco, continua no radar do investidor, que observa o avanço dos protestos nos Estados Unidos.

Câmbio
Na máxima do dia, nesta segunda, o dólar era cotado a R$ 5,4194. A disparada da moeda foi uma consequência dos últimos protestos no Brasil e nos Estados Unidos. Para evitar a alta da moeda, que terminou maio com queda de 1,82%, o BC realizou dois leilões à vista de dólares, totalizados em US$ 530 milhões.

Ainda em detrimento dos atos contra a violência policial e o racismo nos EUA, o dólar recuou frente a moedas rivais hoje, com destaque para a libra esterlina e o euro.

Cenário externo
O dólar está fraco no exterior ante divisas principais e a maioria das moedas emergentes ligadas a commodities, mas sobe ante o real em meio à subida do tom da crise política brasileira. No entanto, a notícia de que a China determinou a suspensão de importações agrícolas dos Estados Unidos, incluindo soja, o que representa uma ameaça ao acordo comercial sino-americano firmado em janeiro, pode beneficiar as exportações brasileiras da commodity e animar os investidores locais, em meio a perspectivas de possível aumento de fluxo comercial para o Brasil.

O economista Sidnei Nehme, da corretora NGO, avalia que a decisão chinesa beneficia o Brasil e potencializa o setor de soja, que já vem com forte desempenho e certamente ajudará o agronegócio a ancorar parte da expressiva queda que se espera no segundo trimestre. “O que pode atrapalhar são os gargalos existentes para o escoamento das exportações normalmente ruim e agora agravado pela crise do coronavirus”, comenta. Mas a notícia, ele afirma, é positiva para o Brasil e cria perspectivas melhores para a balança comercial.

Ainda assim, eventual queda ante o real pode ser limitada pela piora do cenário político institucional interno e após o dólar ter acumulado recuo de 1,83% em maio. Mesmo assim, a moeda americana ainda sobe 33,08% no ano, o que mantém o real entre as divisas com pior retorno.

Cenário local
O decano do STF, ministro Celso de Mello, comparou o Brasil à Alemanha de Hitler e, em mensagem reservada enviada a interlocutores no WhatsApp, disse que bolsonaristas “odeiam a democracia” e pretendem instaurar uma “desprezível e abjeta ditadura”. Procurado, o ministro alegou ao Estadão/Broadcast que a manifestação foi “exclusivamente pessoal”, “sem qualquer vinculação formal ao STF”.

Já o presidente Jair Bolsonaro escreveu no sábado, no Facebook, que ‘tudo aponta para uma crise’, ao comentar decisões recentes do Supremo Tribunal Federal (STF), do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que miram a família, aliados e a sua campanha presidencial em 2018. Bolsonaro destacou a notícia de encaminhamento, pelo ministro Celso de Mello, à Procuradoria-Geral da República (PGR) de um pedido de investigação contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) por crime de incitação à subversão da ordem política ou social. O “gabinete do ódio”, estrutura do Palácio do Planalto responsável por fazer ataques nas redes sociais e em grupos de WhatsApp a críticos do presidente Jair Bolsonaro, entrou na mira do TCU.

Em relação aos atos pró e contra o governo Bolsonaro nesse domingo, 31, em São Paulo, dirigentes e lideranças de oposição viram com preocupação. Para eles, as polícias agiram de forma “desigual” com os manifestantes pró e contra o presidente. Outro temor é que o confronto seja justamente o que presidente gostaria de ver para radicalizar. E o fato de os atos terem sido organizados por torcidas de futebol, inclusive rivais (Corinthians e Palmeiras), foi positivo por mostrar que o desgaste de Bolsonaro transcende partidos e políticos.

Na visão de analistas do mercado, no entanto, não há risco ainda de abertura de processo de impeachment de Bolsonaro por causa da aproximação do presidente do Centrão no Congresso, mas o acirramento da crise dia a dia seguirá no radar, limitando ajustes de baixa ante o real.

O governo nomeou o chefe de gabinete do senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI), Marcelo Lopes da Ponte, para a presidência do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que tem um orçamento de R$ 29,4 bilhões neste ano. A nomeação foi publicada na edição desta segunda-feira do Diário Oficial da União (DOU). Nas últimas semanas, o governo já havia nomeado na Diretoria de Ações Educacionais do fundo um indicado do PL, sigla do ex-deputado Valdemar da Costa Neto, condenado no mensalão. Garigham Amarante Pinto, assessor do partido na Câmara, assumiu o cargo no dia 18 de abril. Além disso, Bolsonaro vai entregar o comando do Banco do Nordeste (BNB) para outro nome indicado pelo PL. /SILVANA ROCHA E LUÍSA LAVAL

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