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Os próximos 15 dias serão decisivos para o mercado

(Foto: Shutterstock)

A quarta-feira e o trimestre começam com os mercados levando mais um susto, após tantos outros. Em uma entrevista coletiva, o presidente americano, Donald Trump, disse que “estava começando a ver a luz no fim do túnel”, mas que os americanos deveriam se preparar para “atravessar duas semanas muito difíceis”. As declarações de Trump, e a divulgação de uma estimativa dos cientistas do governo americano que disseram esperar de 100 mil a 240 mil vítimas fatais do coronavírus apenas nos Estados Unidos provocaram quedas generalizadas nesta manhã.

Na Ásia, o índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, caiu 4,5%. Em Seul, o índice coreano Kospi recuou 3,94%. Os índices europeus também estão em baixa. Em Londres, o FTSE recua 3,7 por cento e o alemão Dax está em queda de 3,62 por cento. Os contratos futuros do S&P 500 estão em queda de 3,6%, e os contratos futuros de Ibovespa iniciara os negócios com uma baixa semelhante.

As declarações de Trump sublinharam que o governo está consciente da gravidade da situação. No entanto, os médicos responsáveis pela estratégia governamental americana dizem esperar que o comportamento da epidemia nas próximas semanas não repita o que está ocorrendo em Nova York e em Nova Jérsei, principais centros da crise. Nesses locais, a relativa demora em implementar as políticas de isolamento tornou a infecção mais séria.

A expectativa, agora, é que a implementação mais drástica das medidas no restante dos Estados Unidos leve a um achatamento da curva e a uma redução no número de vítimas. No entanto, a possibilidade de que 240 mil americanos, 0,07% da população do país, possam morrer devido ao Covid-19 foi suficiente para colocar pressão sobre os mercados.

No Brasil, as duas próximas semanas também serão decisivas para sabermos o que vai ocorrer com a economia e, como consequência, para os mercados. Há dois cenários possíveis. O cenário otimista é que o Brasil será parecido com a China. As medidas de isolamento social foram implementadas rápido, tiveram sucesso e serão capazes de reduzir a velocidade de propagação da doença. Com isso, espera-se uma volta mais rápida da economia a seu ritmo normal, e o forte ajuste para baixo nos mercados será revertido.

O cenário pessimista é que o Brasil terá um comportamento parecido com o da Itália. A demora da implementação das medidas de isolamento social deverá levar a taxas elevadas de contaminação e de mortalidade, com a necessidade de a economia permanecer travada por mais tempo. Nesse cenário, a forte queda da bolsa, que acumulou uma desvalorização de 38,26 por cento no primeiro trimestre deste ano, a maior já registrada desde que o Índice Bovespa tem sua configuração atual. Essa é uma resposta que só virá nos próximos dias.

Indicadores

A produção industrial brasileira cresceu 0,5 por cento em fevereiro na comparação com janeiro e o crescimento da atividade industrial de janeiro frente a dezembro foi revisado, subindo de 0,9 por cento para 1,2 por cento. Número forte e acima do esperado, que surpreendeu todos. O crescimento acumulando do primeiro bimestre foi de 1,6 por cento, segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento deveu-se principalmente à volta das férias coletivas no setor automotivo. A produção caiu nos setores de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, que interrompeu três meses de expansão e caiu 1,8 por cento em fevereiro.

O IPC-S de 31 de março de 2020 subiu 0,34 por cento, ficando 0,16 ponto percentual acima da taxa registrada na última divulgação. Com este resultado, o indicador acumula alta de 0,92 por cento no ano e 3,44 por cento nos últimos 12 meses, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) na manhã desta quarta-feira. Sete das oito classes de despesa componentes do índice mostraram alta de preços. A maior foi do grupo Alimentação, em que os preços avançaram 1,35 por cento, ante 1,01 por cento do levantamento anterior.

Apesar do cenário adverso e tumultuado, dois números me chamam a atenção para o lado positivo. O primeiro deles é fluxo de veículos comerciais nas rodovias administradas pela CCR, que mostrou um crescimento de 3,6 por cento na semana passada (entre 20 e 26 de março), fato que demonstra que atividade não está sendo tão impactada, visto que o fluxo de veículos pesado é um indicativo antecessor da atividade econômica.

O outro dado foi o número de geração de empregos na economia americana reportado nesta manhã, apontando uma queda de apenas 27 mil postos de trabalho em março, uma queda bem menor do que se esperava. O que se observa na prática, é que quando todos estão pessimistas, só se olha para os números que fortalecem suas teses pessimistas.

A evolução dos casos da doença no Brasil será um indicador decisivo para o comportamento da economia e dos mercados nos próximos dias. No curtíssimo prazo, a reação à estimativa de vítimas nos Estados Unidos deverá levar a novas quedas das cotações das ações no Brasil e nos demais mercados relevantes.

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