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Morre Jack Welch, o homem que salvou a GE

Jack Welch: de origem humilde e formado em engenharia, executivo revolucionou a GE (Foto: Divulgação)

Jack Welch, ex-presidente da General Electric (GE), morreu no domingo (1) aos 84 anos, vítima de uma insuficiência renal. A morte de Welch foi anunciada na segunda-feira (2) por Suzy Welch, sua terceira mulher. Welch presidiu a GE entre 1981 e 2001. Nesses 20 anos, o faturamento anual da companhia subiu de US$ 25 bilhões para US$ 130 milhões, uma alta de 420%. O valor de mercado do conglomerado avançou 2.800%, subindo de US$ 14 bilhões para mais de US$ 410 bilhões.

Não foi um caso isolado. Os anos 1980 e 1990 foram um período de grande crescimento dos lucros para as corporações americanas. Boa parte disso foram as políticas do presidente Ronald Reagan, que governou os Estados Unidos entre 1980 e 1988. Em seus dois mandatos, Reagan foi bastante pró-negócios, reduzindo impostos e derrubando barreiras à competição que valiam desde os anos 1930. Nessa época, os executivos bem-pagos e bem-sucedidos eram admirados. Ao se aposentar, em 2001, Welch recebeu um bônus recorde de US$ 417 milhões sem que essa remuneração régia fosse criticada.

Funcionário de carreira da GE, Welch adotou uma estratégia vencedora ao assumir a presidência. Ele foi rápido em perceber que, com a queda das barreiras comerciais decorrente das politicas de Reagan, as indústrias americanas não seriam capazes de concorrer com as manufaturas asiáticas, mais eficientes e com custos mais baixos. Welch não teve dúvidas em cortar fundo na carne da GE para se livrar de negócios que ele considerava não serem competitivos. Seu mantra era: se uma divisão da GE não era capaz de ocupar o primeiro ou o segundo lugar em seu mercado, haveria problemas. “Conserte, venda ou feche” era a orientação. O executivo foi um dos primeiros a colocar seu foco na geração de valor para o acionista.

No início dos anos 1980, ao implementar essa estratégia, Welch ganhou o apelido que detestaria até o fim da vida: Neutron Jack, uma alusão à bomba de nêutrons, arma que, teoricamente, mata pessoas, mas não destrói os edifícios. Ao assumir a empresa, a GE empregava 411 mil pessoas. Ao encerrar os ajustes, em 1985, restavam apenas 299 mil funcionários. Cerca de 37 mil trabalhavam para divisões vendidas, mas 75 mil foram dispensados, principalmente trabalhadores nas atividades industriais. Welch também criou um modelo de feroz competição interna em que, todos os anos, os dez por cento menos eficientes dentre os trabalhadores eram demitidos.

Ele atacou a burocracia e criou uma cultura corporativa mais empreendedora e competitiva. Welch liderou a globalização dos negócios da GE e aumentou a ênfase das finanças no faturamento da companhia, graças ao crescimento da GE Capital, à medida que o setor bancário ganhava peso na economia americana. Quando Welch assumiu, a GE Capital era um negócio secundário, que servia para financiar ajudar os clientes a financiar a compra da G.E. equipamento pesado. Em 2000, seu último ano como executivo-chefe, a unidade financeira gerou lucros de US $ 5,2 bilhões, mais de 40% do total da empresa, e possuía US $ 370 bilhões em ativos, abrangendo seguros, participações privadas, hipotecas residenciais, resseguros e cartões de crédito. Grã-Bretanha e Japão. A crise financeira de 2008 reduziu bastante essas atividades. Antes do subprime, a GE ampliou seu faturamento por meio da concessão de empréstimos, mas os lucros se desvaneceram com a crise.

ORIGEM HUMILDE – John Francis Welch Jr. nasceu em 19 de novembro de 1935, em Peabody, Massachusetts, filho único de uma família católica de operários. Seu pai era maquinista ferroviário e a mãe era dona de casa. Grace Welch foi “a pessoa mais influente da minha vida”, diria o filho em sua biografia. Ela incentivou o menino a ser competitivo e autoconfiante. Quando criança, Jack era gago. “Você gagueja porque é muito inteligente, pensa muito depressa e sua língua não consegue acompanhar”, dizia a mãe.

Ele foi o primeiro da família a se formar, obtendo um Ph.D. em engenharia química pela Universidade de Illinois. Poderia ter sido cientista, mas preferiu uma carreira corporativa. Ingressou na GE em 1960 como engenheiro da divisão de plásticos em Pittsfield, Massachusetts, ganhando US$ 10.500 por ano. Logo ficou descontente com o salário baixo e o ritmo lento. Pensou em deixar a empresa, mas outro executivo o convenceu a ficar e Welch começou a subir na hierarquia. Em 1968, já dirigia a unidade de plásticos da GE. Sua ascensão à presidência não foi prevista. Aos 45 anos, ele foi o mais jovem presidente da GE.

Welch foi casado três vezes. Ele conheceu Caroline Osburn na universidade. Casaram-se em 1959, tiveram quatro filhos e se divorciaram em 1987. Em 1989, ele se casou com Jane Beasley, advogada que conheceu em um encontro às cegas. Divorciaram-se 14 anos depois, em 2003. No ano seguinte, Welch casou-se com Suzy Wetlaufer, ex-editora da The Harvard Business Review. Eles se conheceram em 2001 enquanto ela o entrevistou para a revista. Wetlaufer pediu demissão em 2002, depois de admitir ter tido um caso com Welch enquanto apurava o artigo e enquanto o executivo ainda estava casado. Welch e Wetlaufer, que mudou seu nome para Suzy Welch, escreveram dois livros juntos: “Winning”, publicado em 2005, e “The Real Life MBA”, publicado em 2015.

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