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O momento é de cautela nos mercados, mas as perspectivas não são catastróficas

(Foto: Johannes Eisele / AFP)

Enquanto o Brasil parava para festejar o carnaval, os mercados lá fora dançavam no ritmo do temor com a expansão acelerada do coronavírus. Na manhã desta quarta-feira (26), o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso de contaminação no Brasil, o primeiro na América Latina, e há mais 19 suspeitos de contaminação. A vítima é um homem de 61 anos que estava viajando, a trabalho, para o norte da Itália. A região de Milão, principal centro econômico italiano, foi atingida em cheio pelo vírus no fim de semana. A infecção atingiu 325 pessoas e obrigou as autoridades a cancelar até o tradicional carnaval de Veneza.

O coronavírus tornou-se uma pandemia. Há infectados em vários países da Europa: Alemanha, Áustria, Croácia, Espanha, Grécia e Suíça registram contaminações, assim com Irã e outros países do Oriente Médio. Na terça-feira, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos alertou que o vírus atingirá o país em breve. E, como não poderia deixar de ser, os mercados desabaram.

No acumulado da segunda-feira (24) e da terça-feira (25), as ações caíram 6,3% nos Estados Unidos, 7,8% na Alemanha e 5,8% no Japão. Nesta quarta-feira (26), o índice S&P 500 está subindo 1,3%. É uma reação à desvalorização dos últimos dois pregões, mas que deve ser insuficiente para compensar as perdas recentes.

Como não poderia deixar de ser, os recibos de ações brasileiras negociados nos Estados Unidos também desabaram. E a expectativa é que, logo nos primeiros minutos do pregão, agendado para as 13h, o índice Bovespa se ajuste às baixas do Exterior. No fim da manhã, o mercado futuro de índice registrava uma queda de 1,3%. Não se descarta a hipótese de que a B3 acione o circuit breaker caso a queda do índice supere 10%.

É bastante provável que o Ibovespa comece a Quaresma com uma forte baixa e que o circuit breaker seja acionado. E é bastante provável também que o mercado demore algumas  semanas para retornar aos níveis anteriores ao carnaval. No entanto, é preciso diferenciar o efeito prático do coronavírus do pânico que ele pode provocar em alguns segmentos do mercado.

Mesmo lá fora há muita divergência sobre as consequências da infecção. A consultoria Oxford Economics calcula que uma crise internacional da saúde pode ser suficiente para reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) global em mais de US$ 1 trilhão. Já Fundo Monetário Internacional (FMI), mais conservador e com mais acesso a dados, informa que sua estimativa de retração da economia mundial é de 0,1%. Para o Fundo, o PIB global deverá crescer 3,2% neste ano, e não os 3,3% previstos antes da epidemia.

Warren Buffett, que entende do assunto, costuma dizer: “venda quando ouvir violinos, compre quando ouvir canhões”. Não se descarta a hipótese de um ou dois pregões com fortes quedas, para o ajuste dos preços locais às cotações internacionais. No entanto, os fundamentos da economia brasileira permanecem sólidos. E os resultados das empresas, que é o que define em última análise o movimento das ações, não devem ser profundamente afetados em um primeiro momento. Por isso, a recomendação é simples: na dúvida, não faça nada. Espere a crise passar.

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