As fortes chuvas que atingiram a cidade de São Paulo na madrugada e na manhã desta segunda-feira, 10, ilharam os paulistanos, que não conseguiram sair de casa ou tiveram muita dificuldade para se locomover pela cidade. Ruas alagadas, vias interditadas e falta de energia foram algumas das experiências nada agradáveis dos moradores.
A diretora de vendas Luciana Paranhos, por exemplo, teve a rotina completamente alterada. Moradora da região da Pompeia, na zona oeste, está sem energia elétrica desde às 5h. “O prédio está funcionando com gerador, mas a energia deve acabar logo”, conta. Ela foi liberada pela empresa para trabalhar em home office. “Ainda bem que os celulares estavam carregados, mas já estão em 40% e daqui a pouco nem trabalhar vou conseguir mais”, diz.
O marido, Alexandre, que é engenheiro, também ficou em home office. Ele trabalha em uma empresa na Lapa, uma das regiões mais afetadas, e a companhia ficou completamente alagada. Além disso, a motorista que faz o transporte da filha, Beatriz, 13 anos, que estuda em um colégio na região da avenida Paulista, cancelou o serviço. “Ela não estava conseguindo cruzar as marginais e está preocupada, não consegue se locomover, está presa na rua ainda”, afirma.
Luciana chegou a conseguir levar a filha mais velha pra escola, mas o mais novo, Leonardo, de apenas 1 ano e dois meses, teve de ficar em casa. “Não chegou nenhuma funcionária ao berçário onde ele fica e a dona teve que suspender as atividades”, diz. A empregada também não foi trabalhar. “Ela mora em um prédio que fica perto da Marginal Tietê e o local está todo alagado.”
A queda de energia afetou o terminal Barra Funda de ônibus e metrô, também na zona oeste, conforme observado pela reportagem. Um grupo de cinco funcionários de um supermercado da região não conseguiu sair do local e conversava sentado no chão do terminal. Nenhum dos funcionários do turno da manhã conseguiu chegar ao local de trabalho.
“O primeiro de nós chegou aqui às 5h20 e não consegui sair. A gente foi chegando aos poucos e encontrando por aqui. Só está no mercado quem é do turno da madrugada e agora não consegue sair”, contou Ane Caroline, 23 anos, supervisora de vendas.
Um outro grupo de sete funcionários de uma instituição bancária também se viu preso no terminal, sem poder ir para o trabalho ou voltar para casa. Qual foi a solução? Ir a uma lojinha do próprio terminal e comprar um baralho de UNO. “Foi o jeito que a gente arrumou para matar o tempo. Estamos ilhados. Nunca vi nada igual”, conta Carla Moreira de Aguiar, 22 anos.
Toda a família Berna também foi afetada pela chuvarada. Os três passaram o final de semana na cidade e tinham passagem para voltar cedinho para o interior. Aline Berna, 28 anos, trabalha de auxiliar em uma padaria. “Já perdi meu dia de trabalho. Essa hora já era para eu estar no serviço”, disse. Já seu marido, João Antônio Carvalho, 31, é porteiro de prédio. “Já avisei no serviço. Acho muito difícil que eu consiga voltar para a minha cidade hoje”, contou. Menos desanimado estava o João Pedro, 8 anos. “Eu tinha aula hoje, mas vou ficar aqui no celular e aula só amanhã”, comemorou.
Por Gilberto Amendola, Paloma Cotes e Priscila Mengue
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