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Cálculo da inflação muda com nova cesta de produtos e uso de robôs

(Foto: Shutterstock)

Ao divulgar um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de apenas 0,21 por cento em janeiro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmou a menor elevação de preços no primeiro mês do ano desde o início do Plano Real e colocou em prática a nova cesta de produtos e serviços usada para calcular o IPCA.

Um índice de inflação é igual a um carrinho de supermercado em que o cliente coloca, invariavelmente, os mesmos produtos e serviços todos os meses. Alguns, como alimentos e combustíveis, são mais relevantes. Consomem uma fatia maior da renda. Outros, como livros e diversão, são menos relevantes nos gastos mensais das famílias.

O perfil de consumo muda ao longo dos anos. O melhor exemplo é o dos aplicativos de transporte, como Uber, e de entregas, como Rappi ou Uber Eats. Há dez, ou mesmo há cinco anos, esses aplicativos eram pouco usados. Hoje, eles têm uma relevância enorme no dia-a-dia das pessoas.

Há outros exemplos, como os serviços de streaming do tipo Netflix. Há dez anos, seu uso estava restrito à comunidade dos aficionados por tecnologia. Atualmente, o serviço se tornou tão corriqueiro que os filmes produzidos pela Netflix chegam a concorrer ao Oscar. No mesmo sentido, pouquíssimos brasileiros ou brasileiras compram e alugam DVDs. Assim, faz sentido para o IBGE passar a calcular a variação dos preços dos serviços de streaming e reduzir (ou retirar) os DVDs do carrinho do IPCA.

A nova cesta de cálculo da inflação contém 56 produtos e serviços que ganharam relevância no consumo dos brasileiros nos últimos anos. Além dos aplicativos de transporte e do streaming, entraram no cálculo despesas relacionadas à vida saudável e estética, tratamento e higiene de animais domésticos e até o consumo de macarrão instantâneo. Além dos DVDs, perderam espaço ou foram excluídos do orçamento das famílias, itens como assinatura de jornais e máquinas fotográficas.

ROBÔS – Outra mudança foi a contratação, pelo IBGE, de robôs para auxiliar no processo de coleta de preços. Desenvolvidos pelo próprio IBGE, os “funcionários virtuais” vão pesquisar preços em páginas de internet de forma automática, coletando, por exemplo, preços de viagens contratadas por aplicativos e passagens aéreas negociadas em portais de viagens.

A coleta desses preços era realizada manualmente pelos técnicos do IBGE, que faziam algumas centenas de simulações ao longo de vários dias. Agora, os robôs fazem milhares de simulações em poucos minutos, aumentando a precisão dos números.

Os sistemas começaram a ser desenvolvidos em 2018 e o projeto deu tão certo que um terceiro robô, que coleta preços de hotéis, está em fase de testes. O IBGE também estuda aplicar a técnica para outros produtos, como materiais de higiene e livros. Segundo o IBGE, os critérios metodológicos não foram alterados com a automação, e a coleta manual e presencial continua para os demais produtos e serviços.

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