O Magazine Luiza (MGLU3) concretizou na tarde desta quinta-feira (30), a compra da Estante Virtual por R$ 31 milhões. A varejista fez a oferta pelo ativo da Livraria Cultura, que enfrenta recuperação judicial, durante audiência na 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo. Nenhuma outra empresa teria coberto o lance da varejista. O valor ficou abaixo do esperado – o mercado esperava angariar pelo menos R$ 40 milhões com o ativo.
O setor de livrarias enfrenta um momento de reorganização. Enquanto gigantes como a varejista virtual Amazon e redes regionais, como a Leitura, ganham espaço, as duas principais forças do segmento vivem momentos difíceis. Tanto a Saraiva quanto a Cultura estão em recuperação judicial. A situação da Cultura, que tem um menor número de lojas, é especialmente difícil, segundo fontes do setor. Parte das editoras estaria se negando a fornecer livros para a rede sem pagamento prévio.
Histórico
A compra da Estante Virtual, em dezembro de 2017, foi uma tentativa da Cultura de tentar diversificar seu portfólio em um momento em que já enfrentava crise. O acordo foi fechado graças à injeção de capital que a rede da família Herz recebeu ao “comprar” as lojas da francesa Fnac no Brasil. Isso porque, conforme foi revelado mais tarde, a Fnac injetou R$ 130 milhões na Cultura ao repassar suas unidades. Em pouco tempo, porém, todas as lojas acabaram fechadas.
A crise da Cultura é antiga e vem desde 2014. Depois de atingir R$ 440 milhões naquele ano, a empresa viu sua receita cair 17% nos últimos dois anos, atingindo R$ 380 milhões em 2016. Em 2017, passou a atrasar pagamentos a editoras, mesmo de livros em consignação. No ano seguinte, entrou na recuperação judicial que enfrenta até hoje.
Procurado, o Magazine Luiza não se pronunciou sobre a negociação. A Cultura não respondeu imediatamente aos contatos da reportagem, assim como o escritório Felsberg & Associados, que cuida da recuperação judicial da empresa.
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