O dólar reduziu o ritmo de queda nos negócios da tarde desta segunda-feira, influenciado pela piora do petróleo, que fez a divisa dos Estados Unidos passar a subir em alguns locais, como o México. Mas o real ainda se destacou no mercado internacional, ficando entre as divisas com melhor desempenho, com os investidores animados pelo bons indicadores da economia dos Estados Unidos, nesta segunda do setor de serviços, e ainda repercutindo a forte criação, em dado da sexta-feira, de vagas no mercado de trabalho americano em março, que levou os índices Dow Jones e S&P500 em Nova York a novos recordes históricos nesta segunda-feira. Com relatos nas mesas de operação de novos ingressos de capital externo ao Brasil, a questão fiscal do País, em meio ao impasse sobre o Orçamento de 2021, foi monitorada de perto pelas mesas de câmbio, mas sem maiores efeitos nas cotações.
Após cair na mínima a R$ 5,63, no fechamento, o dólar à vista encerrou com queda de 0,62%, a R$ 5,6798. No mercado futuro, o dólar para maio, caía 0,57% às 17h20, cotado em R$ 5,6835.
Os analistas da consultoria americana de risco político Eurasia preveem que o impasse sobre o Orçamento de 2021 deve demorar “ao menos duas semanas”. A proposta aprovada pelo Congresso aumentou despesas discricionárias e artificialmente comprimiu gastos obrigatórios, estratégia que causou “grande surpresa” e só contribui para aumentar a incerteza sobre a questão fiscal do Brasil, comentam os economistas do JPMorgan.
Mas nesta segunda-feira ao menos o tema do Orçamento deu uma trégua e não teve peso determinante para o câmbio, mais ligado ao exterior e com a visão dos participantes do mercado de que o imbróglio vai se resolver. No final da tarde, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que “todo mundo quer fazer a coisa certa” e quer resolver o problema. “Deve levar um certo tempo, a peça tem 5 mil páginas”, disse ele, prevendo que o assunto se resolva dentro do prazo esperado.
O chefe de renda variável da Monte Bravo Investimentos, Bruno Madruga, comenta que o câmbio nesta segunda-feira operou em linha com o exterior, em dia de forte apetite por risco no mercado financeiro internacional, refletindo os dados fortes do mercado de trabalho americano, bons indicadores de serviços e ainda os estímulos para o setor de infraestrutura anunciados pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, além de declarações da secretária de Tesouro norte-americano, Janet Yellen, de que estes estímulos não devem trazer inflação elevada. “Tudo isso estimulou o apetite por risco e fez com que o dólar recuasse ante uma cesta de moedas e também ante o real.”
Nesta segunda-feira, a moeda norte-americana chegou a tocar mínimas nos emergentes e ante o real após indicadores do setor de serviços dos EUA, como o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês), mostrarem números melhores que o previsto. O PMI avançou de 59,8 em fevereiro para 60,4 em março, atingindo o maior nível desde julho de 2014. Com a economia americana aquecida, os analistas do Bank of America preveem que os EUA podem retomar até o final do ano a situação do mercado de trabalho que tinham antes da pandemia.
Por Altamiro Silva Junior
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