A lira turca recuou perto dos 17% ante o dólar, em abertura do mercado marcada pela reação à notícia de que o presidente do Banco Central do país foi removido pelo líder Recep Tayyip Erdogan. O ato foi comunicado em diário oficial no sábado (20), e ocorreu dois dias após uma alta dos juros no país acima do esperado por analistas. O dólar operava próximo as 8,40 liras, e há um debate sobre a possibilidade do movimento atingir outros mercados emergentes, incluindo o Brasil.
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O economista-chefe do Instituto de Finanças Internacional (IIF, na sigla em inglês), Robin Brooks, afirmou que algo semelhante ocorreu em 2018, quando a Turquia “era vista como idiossincrática, mas tivemos muito contágio”. Segundo ele, os sinais iniciais são semelhantes hoje. Em seu Twitter, Brooks escreveu que “o Brasil está sendo citado nos mercados como o mais vulnerável, já que o Banco Central também subiu (juros) esta semana”. O economista afirma que a última vez que o dólar atingiu o nível próximo a 8,50 liras foi em novembro, e cita que o valor vem sendo cogitado por analistas.
Com a alta recente nos rendimentos dos Treasuries, Brooks diz haver um cenário complicado para moedas emergentes, uma vez que os bancos centrais locais vem sendo obrigados a aumentar suas taxas de juros.
O movimento na Turquia veio após um aumento de 200 pontos-base na mais recente decisão de política monetária do país, superior ao consenso de elevação em 100 pontos, e levou as taxas de juros do país em 19%. Erdogan destituiu o então presidente do Banco Central, Naci Agbal. Sahap Kavcioglu foi nomeado como o novo chefe da autoridade monetária local. Desde 2019, é a terceira vez que o titular do cargo é destituído por Erdogan.
Kavcioglu se apresenta nas redes sociais como deputado pelo Partido da Justiça de Desenvolvimento (AKP, na sigla em turco), o mesmo do presidente Erdogan. Além disso, mantém uma coluna de economia no jornal Yeni Safak.
Por Matheus Andrade
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