As ações de bancos e seguradoras devem se beneficiar da provável alta da Selic, que pode ser anunciada já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para a terça-feira (16) da próxima semana, segundo avaliação de analistas.
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Com o avanço da inflação e da insegurança fiscal no Brasil, o que tem provocado valorização do dólar frente o real, o mercado projeta que o Copom deva responder com a elevação da taxa Selic.
No boletim mais recente, o Relatório de Mercado Focus projetava a Selic em 4,00% ao ano no fim de 2021 e em 5,50% ao ano no fim de 2022. Numa análise menos otimista, o Itaú Unibanco já estima uma inflação de 4,70% em 2021, o que levaria o Copom a elevar a Selic a 5,50% ainda neste ano. Em meio a este cenário, o Mercado News entrou em contato com analistas e corretoras para entender quais setores da B3 devem sobressair os juros mais elevados.
Quais setores saem ganhando na Bolsa?
Para Flávio Duarte, gestor e sócio da gestora de fundos quantitativos Pandhora Investimentos, os bancos e seguradoras são os principais beneficiários de um aumento na taxa de juros. “Os bancos emprestam dinheiro no juro de curto prazo e investem no longo prazo, e as seguradoras aplicam o prêmio que os segurados pagam pelas apólices de seguro boa parte no juro de curto prazo”, disse.
Na análise de Murilo Breder, analista de ações da corretora Easynvest, a alta dos juros é negativa para a Bolsa, já que ao mesmo tempo torna a renda fixa mais atraente e impacta todas as empresas, pois elas utilizam a taxa de juros para descontar o fluxo de caixa futuro ao valor presente. Isso significa que, com os juros mais altos, o valor do fluxo de caixa das companhias diminui. Quanto às companhias que tendem a se beneficiar da mudança, Breder segue na mesma linha que Duarte, e indica que os bancos e seguradoras devem sair ganhando.
Já João Beck, economista e sócio da BRA, chama a atenção para o fato de que a alta da Selic vem sendo esperada há alguns meses, o que pode ser verificado ao observar a alta das taxas de juros de longo prazo, nas quais o movimento já está precificado. Dentre os setores que devem se sair melhor nessa conjuntura, o economista aponta para empresas exportadoras, que tem um “benefício duplo” na alta do câmbio e dos preços das commodities.
Como fica o fluxo de investidores para a B3?
Após o número de investidores pessoa física na Bolsa saltar para mais de 3,2 milhões em 2020, quase o dobro do que se observava ao final de 2019, surge o questionamento acerca deste fenômeno se tratar apenas de uma resposta à baixa rentabilidade dos investimentos em renda fixa, ou uma nova tendência, reflexo de uma evolução na educação financeira dos brasileiros.
Murilo Breder destaca a importância da baixa na Selic, mantida atualmente em 2% ao ano, para que se observasse esse fluxo robusto, e enxerga um arrefecimento na migração de investidores para a B3. Ainda assim, o analista trata esse fenômeno como normal: “a Bolsa não vai continuar crescendo num ritmo de 100% de investidores ao ano para sempre, mas ela segue numa trajetória ascendente muito forte, que deve continuar porque, mesmo que os juros subam consideravelmente, ainda estarão em um patamar baixo perto do que vínhamos praticando nos últimos anos”.
João Beck, por sua vez, ressalta a mudança no comportamento das empresas, que passaram a enxergar a bolsa de valores como uma forma de financiar suas atividades, realizando IPOs (ofertas iniciais de ações, na sigla em inglês). “O que antes era feito com bancos públicos e privados, agora é feito no mercado privado”, complementa.
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