A América de Sul é a região que deve registrar maior crescimento de mercado este ano para a recém-criada Stellantis, empresa que nasceu da união entre Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e mais dez marcas desses grupos. A companhia, quarta maior montadora do mundo, prevê um aumento de 20% nos negócios da região, onde o Brasil é o principal mercado.
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O crescimento esperado pelo grupo na Europa é de 10%, na América do Norte de 8%, na Índia e Pacífico de 5% e na África de 3%. O presidente mundial da Stellantis, Carlos Tavares, disse estar otimista com a recuperação da região, que normalmente é mais volátil que as demais. Ele ressaltou, contudo, que essa melhora depende do aumento da taxa de vacinação contra a covid-19 – para que o consumidor se sinta tranquilo em consumir – e outras questões ligadas à logística e macroeconômicas.
O Brasil foi responsável no ano passado por 8% das vendas globais do grupo, quando somados os resultados das quatro marcas que se uniram em janeiro. Juntas, elas contabilizam participação de 23,5% das vendas de automóveis e comerciais leves no País e terá três lançamentos importantes neste ano. O executivo não citou quais, mas é certo que um deles é o primeiro SUV da marca Fiat fabricado no Brasil. O segmento é que mais cresce em vendas nos últimos anos.
Em visita de três dias ao País, a primeira desde que assumiu o posto, Tavares inaugurou na quarta-feira, 10, a fábrica de motores de quatro cilindros turbo no complexo de Betim (MG). A planta tem capacidade inicial de produção de 100 mil unidades por ano e recebeu investimento de R$ 400 milhões.
Ainda neste ano ela será expandida para produzir também motores de três cilindros turbo, com aporte adicional de R$ 100 milhões. O executivo afirmou que os motores vão equipar veículos das quatro marcas produzidas no País. Disse também que as três fábricas locais – a da Fiat em Betim, da Jeep em Goiana (PE) e da Peugeot e Citroën em Porto Real (RJ) poderão produzir qualquer modelo das 14 marcas do grupo.
“Não há ligação entre marcas e fábricas; todas poderão fazer qualquer tipo de produto, desde que haja lógica industrial e técnica para isso”, afirmou. Tavares confirmou que não há intenção de fechar unidades no Brasil nem em outras regiões.
Elétricos acessíveis
Em conversa online com um pequeno grupo de jornalistas no início da tarde desta quinta, 11, antes de deixar o País, o executivo português disse não descartar, no futuro, a produção de carros elétricos no Brasil. Ressaltou que o grupo tem a tecnologia para isso, mas os preços ainda são elevados, o que limita as vendas.
Segundo ele, será um grande desafio para os próximos anos conseguir equiparar os preços dos carros elétricos aos dos convencionais. É preciso, em sua opinião, chegar a um custo que seja viável ao consumidor e rentável para o fabricante.
“Queremos oferecer um veículo com tecnologia limpa e que as pessoas possam comprar, se não vai ser reservado a uma elite e não terá consequência benéfica ao meio ambiente porque poucos terão condições de compra”, afirmou.
Ele criticou a falta de diálogo dos governos da União Europeia com as montadoras ao impor 2030 como prazo para que todos os novos veículos sejam elétricos. Ele considerou uma “brutalidade” com uma indústria que emprega 14 milhões de pessoas. Com a decisão de impor uma data – que ele acredita ser inviável para muitas empresas trocarem suas tecnologias – haverá consequências sociais.
“Espero que outras regiões, incluindo a América Latina, tenham chances de diálogo com os governos quando forem adotar a política de zero emissões”, disse. As montadoras estão alinhadas com esse projeto, mas precisam de condições para implementá-lo, afirmou.
Tavares lembrou ainda que, além da falta de chips, a indústria enfrenta a inflação de matérias-primas, em especial do aço.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Cleide Silva
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