Na mais recente reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), realizada nos dias 9 e 10 de dezembro, dirigentes consideraram que uma nova redução da taxa de juros teria efeito apenas marginal no crescimento e inflação da zona do euro, segundo ata do encontro divulgada nesta quinta-feira. Os dirigentes afirmaram que o programa de compra de ativos da pandemia (PEPP, na sigla em inglês), foi mais eficiente que os cortes de juros para dar suporte à economia durante a crise.
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O documento afirma que os dirigentes do banco concordaram que a nova extensão do programa de compra de ativos está “em linha” com a duração esperada da crise, a incerteza quanto à distribuição de vacinas e o retorno esperado da atividade ao nível pré-pandêmico. Segundo os membros do BCE, “os benefícios das compras de ativos superaram os seus custos potenciais”.
“Todos os membros concordaram que, tendo em vista as consequências econômicas do ressurgimento da pandemia, a revisão em baixa da trajetória de inflação projetada e os riscos resultantes de um desancoramento das expectativas de inflação, medidas adicionais de política monetária foram necessárias para preservar o fluxo de crédito para todos os setores da economia e sustentar a recuperação econômica”, afirma a ata.
Alguns dirigentes do BCE defenderam uma ampliação menor das compras de ativos, argumentando que seria prudente deixar um pouco de espaço para a política monetária para decisões futuras. Outros membros, porém, argumentaram que o aumento proposto à PEPP ainda era insuficiente para facilitar as condições de financiamento e trazer a inflação da zona do euro mais próxima da meta do BCE.
Euro
Na reunião do BCE, dirigentes da entidade afirmaram ter observado com atenção o papel da taxa de câmbio para o cenário de inflação na zona do euro, e comentaram que a recente apreciação da moeda comum ante o dólar americano pode contribuir para um cenário de inflação deprimida. Segundo a ata do encontro, a taxa de câmbio nominal do euro atingiu recordes históricos em 2020.
De acordo com o documento, dirigentes notaram que as perspectivas de inflação para a zona do euro ainda estão “muito abaixo” da meta do BCE, de taxa próxima, mas menor, de 2%. O conselho da entidade concordou que deve monitorar “cuidadosamente” o cenário de estabilidade de preços e que não deve ser visto como “complacente” em relação à inflação. O grupo considerou que o nível de preços ainda está muito baixo, por conta da demanda e mercado de trabalho fracos, seguindo os impactos da ressurgência da covid-19 nos últimos meses do ano passado.
Com a melhora do cenário da crise sanitária, o BCE espera que a inflação ganhe impulso. “Uma vez que o impacto da pandemia diminuir, uma recuperação da demanda, apoiada por políticas fiscais e monetárias acomodatícias, pressionaria a inflação no médio prazo”, diz a ata.
Os dirigentes argumentaram que o cenário econômico se enfraqueceu ao fim de 2020 por conta da covid-19, além da perspectiva de não sair o acordo pós-Brexit com o Reino Unido e uma “política de estímulos fiscal vacilante em diversos países” da zona do euro. O risco que a pandemia traz à atividade na União Europeia se concentra, em especial, no curto prazo, afirmaram os membros do conselho diretivo do BCE citando indicadores recentes.
Por Gabriel Caldeira e André Marinho
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