A decisão do governo federal de manter brasileiros vindos de Wuhan, na China, isolados em uma base militar por ao menos 18 dias está em consonância com o que vem sendo feito em outros países, como Estados Unidos e Alemanha. Mas especialistas questionam aspectos logísticos da operação que nunca foi feita no País nessa escala e pode oferecer grandes desafios.
O infectologista Edmilson Migowski, da Universidade Federal do Rio (UFRJ), diz que a medida é correta, mas que é preciso ter “a quarentena da quarentena”. “As pessoas não podem ser confinadas juntas, em ambiente fechado”, diz. “Porque se uma estiver infectada há o risco de passar para outras.” Segundo Migowski, o grupo deve ficar isolado por núcleo familiar ou conforme o acerto de moradia que tinha na China.
Para o infectologista Estevão Portela, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, ainda há dúvidas operacionais sobre a forma de descarte dos resíduos produzidos pelo grupo e o condicionamento do ar, para que o vírus não seja disseminado. Segundo Portela, não há registro na história recente do País de quarentena envolvendo tantas pessoas.
Na epidemia de Ebola, profissionais de saúde que estiveram em áreas afetadas ficaram isolados em casa, com monitoramento diário. Segundo Portela, essa poderia ser uma alternativa ao confinamento em grupo.
Outros países
No fim de semana, 195 cidadãos americanos chegaram aos EUA vindos da China e ficarão em quarentena. O Centro de Controle de Doenças do país classificou a medida como “sem precedentes”. Na Alemanha, 114 pessoas foram isoladas em um hospital. Duas delas apresentaram sintomas e foram levadas para tratamento em outra instituição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Roberta Jansen
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