Apesar da alta recente da inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, manter a Selic (a taxa básica da economia) em 2% ao ano. Esta é a terceira vez que a Selic não sofre alteração, após nove cortes consecutivos. Com isso, a taxa se manteve no piso da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996.
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Com a Selic a 2% ao ano, o Brasil segue com juro real (descontada a inflação) negativo. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que o juro real brasileiro está em -1,69% ao ano. O País possui o 28º juro real mais alto do mundo, considerando as 40 economias mais relevantes.
A decisão desta quarta-feira, 9, era largamente aguardada pelo mercado financeiro. De um total de 47 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, todas esperavam pela manutenção da Selic em 2% ao ano. Para o fim de 2021, as casas esperam desde uma Selic estável em 2% até um aumento dos juros a 4,75% ao ano.
As dúvidas sobre a possibilidade de o BC manter a Selic em 2% ao ano por muito tempo se ampliaram nas últimas semanas. Isso porque os dados recentes mostraram uma inflação acelerada. O IPCA – índice oficial de inflação – fechou novembro com alta de 0,89%, após ter avançado 0,86% em outubro. Gastos com alimentação e preços administrados (como energia elétrica) têm pressionado o índice. Assim, com uma inflação mais alta, o BC seria obrigado a subir os juros.
Com expectativas de inflação mais elevadas, o mercado financeiro vem projetando o reinício da alta de juros para meses mais próximos. Conforme o Relatório de Mercado Focus, que compila as projeções das instituições financeiras, a expectativa é de que a Selic suba para 2,25% ao ano em agosto do próximo ano. No entanto, pelo menos uma instituição, conforme o Focus, espera por uma elevação já em janeiro. Estes cálculos, porém, foram feitos antes da decisão desta quarta do Copom.
O centro da meta de inflação perseguida pelo BC em 2020 é de 4%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,50% a 5,50%). No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%). A meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (de 2% a 5%).
Por Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues
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