O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, disse nesta quarta-feira, 29, que a auditoria externa contratada para avaliar oito operações com empresas do grupo J&F custou R$ 42,666 milhões. O próprio BNDES havia informado ao jornal O Estado de S. Paulo, via Lei de Acesso à Informação, que o custo total era de R$ 48 milhões.
Montezano esclareceu, porém, que a diferença se deve ao fato de que os pagamentos em dólar passaram a ser convertidos ao câmbio do dia do repasse.
Segundo Montezano, o custo inicial total projetado em 2018, no momento da contratação da auditoria, era de R$ 23,4 milhões – R$ 19,6 milhões aprovados em fevereiro daquele ano para o escritório estrangeiro Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP, e R$ 3,766 milhões.
“O Conselho de Administração e a diretoria concluíram (em novembro de 2017) que a investigação externa era primordial”, justificou o presidente do BNDES.
Segundo ele, em 2018 houve uma ampliação da quantidade de trabalho das investigações, com maior volume de dados, o que levou a uma primeira suplementação em novembro daquele ano, no valor de R$ 5,067 milhões.
Montezano disse ainda que, em 2 de julho de 2019, foi aprovado o aumento do escopo da auditoria para abarcar informações levantadas pela Operação Bullish e pelas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) instauradas no Congresso sobre o tema. Ele ressaltou a data dizendo que foi um dia antes de ele tomar posse oficialmente como presidente. O aumento do escopo ampliou em R$ 11,9 milhões o valor do contrato. “Sem o aumento do escopo, relatório teria ressalva que praticamente o invalidaria”, disse.
O presidente do BNDES disse que o único aditivo aprovado em sua gestão foi um adicional de R$ 2,3 milhões no contrato com a auditoria KPMG para que ela acompanhasse os trabalhos da investigação externa como uma espécie de revisor, no que é chamado no jargão do setor como “auditoria shadow”.
Ele ainda exibiu um vídeo de seu depoimento na CPI do BNDES em que ele, em agosto de 2019, informava que o valor da auditoria poderia se aproximar dos R$ 45 milhões.
Aditivo
O diretor jurídico do BNDES, Saulo Puttini, afirmou ainda que o aditivo de US$ 3,5 milhões aprovado em outubro de 2019 no contrato com o Cleary foi feito para ampliar o valor do contrato guarda-chuva para serviços jurídicos. “Os valores ficam em stand by para uso à medida que serviços jurídicos forem sendo demandados, para o banco não ficar descoberto na área internacional”, disse.
“O aditivo contratual em outubro de 2019 não diz respeito à investigação sobre a JBS, mas, sim, ao contrato guarda-chuva”, acrescentou o diretor.
Por Idiana Tomazelli e Patrik Camporez
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