A atuação do prefeito Bruno Covas (PSDB) no combate aos efeitos da pandemia do novo coronavírus é aprovada por 54% dos paulistanos e reprovada por 40%, segundo pesquisa do Ibope feita em parceria com o Estadão e a Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Desde março, quando começou a pandemia e foi feita a primeira pesquisa da parceria Ibope/ACSP/Estadão, tanto Covas quanto o governador João Doria (PSDB) tiveram melhora na avaliação de suas gestões por parte dos moradores da capital. Isso não aconteceu em relação ao governo do presidente Jair Bolsonaro, que continua com praticamente as mesmas taxas positivas e negativas.
Nos últimos seis meses, o prefeito, que é candidato à reeleição, viu a avaliação positiva de sua administração subir oito pontos porcentuais. A parcela da população que considera a administração boa ou ótima passou de 20% para 28%, enquanto as de ruim/péssimo caíram de 32% para 28%.
Essas taxas se referem ao governo de Covas como um todo. Mas o Ibope também fez perguntas específicas sobre o desempenho dele em relação à pandemia. Doria e Bolsonaro não foram avaliados neste quesito específico.
A administração de Bolsonaro é considerada ruim ou péssima por quase metade dos moradores da capital. Segundo a pesquisa, 27% dos paulistanos consideram o governo do presidente bom ou ótimo, 24% o veem como regular e 47% optam pelos conceitos ruim ou péssimo. Há seis meses, essas taxas eram de 25%, 26% e 48%, respectivamente.
No caso de Doria, as avaliações negativas diminuíram de 44% para 39%, e as positivas aumentaram de 17% para 23%.
O governador e o prefeito ganharam visibilidade ao comandar a reação à pandemia no Estado e na capital com medidas restritivas e incentivo ao isolamento. Bolsonaro, por sua vez, optou por menosprezar a gravidade da doença e por fazer propaganda de um medicamento sem eficácia comprovada para covid-19. A avaliação negativa de Bolsonaro praticamente não variou nos últimos seis meses quando se considera o universo total da pesquisa, mas houve mudanças em determinados segmentos do eleitorado. Entre os mais pobres, com renda de até um salário mínimo, a desaprovação caiu de 56% para 40%. Já entre os que ganham mais de cinco mínimos houve crescimento de 39% para 52%.
O Ibope entrevistou 1.001 eleitores da capital nos dias 15 a 17 de setembro. A margem de erro máxima estimada é de 3 (três) pontos porcentuais para mais ou para menos. O nível de confiança utilizado é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral, considerando a margem de erro. O levantamento foi registrado no Tribunal Regional Eleitoral sob o protocolo Nº SP-04089/2020.
Candidatos comentam
Os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo comentaram neste domingo a pesquisa Ibope, a primeira realizada após o prazo para a confirmação dos postulantes ao Executivo municipal nas convenções partidárias.
Em sua terceira tentativa de chegar à Prefeitura, Celso Russomanno (Republicanos) aparece na dianteira da disputa, com 24% das intenções de voto, seguido pelo atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), com 18%. Em terceiro lugar, empatados tecnicamente, aparecem Guilherme Boulos (PSOL), com 8%, e Marcio França (PSB), com 6%.
Como a margem de erro máxima da pesquisa é de três pontos porcentuais, o Ibope considerou que Russomanno e Covas estão empatados no limite da margem – é como se o líder, no pior dos cenários, estivesse com 21%, e o segundo colocado, na melhor das hipóteses, também chegasse a 21%. É extremamente improvável que esse empate de fato exista, porém. Existe uma margem de erro diferente para cada porcentagem das intenções de voto – como tanto Russomanno como Covas tiveram pontuações relativamente baixas, a variação máxima de suas taxas para mais ou para menos é inferior a três pontos.
Ao Estadão, Russomanno afirmou que conta com a experiência das outras candidaturas. “Sabemos do trabalho que vem sendo feito ao longo destes anos e o quanto aprendemos em outras disputas. Sabemos que temos muito ainda que trabalhar e nos preparar para fazer uma bela e vitoriosa campanha em 2020.”
Para a campanha de Covas, a liderança do candidato do Republicanos já era esperada em razão da exposição dele na TV e no noticiário nos últimos dias. Os tucanos questionam o poder de transferência de votos do presidente Jair Bolsonaro, que apoia o deputado federal.
“A rejeição de Bolsonaro reflete seu comportamento na crise da covid. Há mais arrependidos de ter votado no presidente do que apoiadores na cidade”, disse Wilson Pedroso, coordenador da campanha de Bruno Covas. Apesar de Bolsonaro ter vencido em São Paulo com folga de 20 pontos porcentuais a disputa presidencial de 2018, agora praticamente metade dos eleitores paulistanos (47%) afirmam que o apoio dele a alguém reduziria sua vontade de votar nessa pessoa.
‘Bolsodoria’
Boulos usou a pesquisa para se colocar como o representante “viável” da esquerda na disputa. “O resultado da pesquisa Ibope mostra que a nossa candidatura é a mais forte do campo de oposição e de esquerda. E é a única capaz de evitar uma tragédia de Bolsodoria no 2.° turno – ou seja, do candidato do Bolsonaro, que é o Russomanno, e o do João Doria, que é o Bruno Covas.”
Marcio França disse que se surpreendeu com a rejeição de Covas. “Essa rejeição muito alta tiraria o Bruno do 2.º turno”, afirmou o candidato do PSB.
Com 2% das intenções de voto, a deputada Joice Hasselamnn (PSL) minimizou o desempenho. “A coisa vai começar pra valer a partir do primeiro debate.”
Já o PT minimizou os números e aposta na entrada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de TV para melhorar o desempenho do candidato, o ex-secretário de Transportes Jilmar Tatto, que tem 1% das intenções de voto. “Com a presença do Lula o PT cresce. O tempo de TV vai nos ajudar”, disse o deputado estadual Ênio Tatto (PT), que integra a coordenação da campanha de seu irmão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Daniel Bramatti e Pedro Venceslau
Be First to Comment