Com moderação de perdas em Nova York, que ensaiava mais cedo forte correção pelo segundo dia, o Ibovespa conseguiu no período da tarde não apenas sustentar a linha de 100 mil pontos, como recuperar a de 101 mil em direção ao fechamento desta sexta-feira, em alta de 0,52%, aos 101.241,73 pontos. Assim, o índice da B3 limitou as perdas da semana a 0,88% e escapou da terceira baixa diária consecutiva, tendo se mantido de olho em NY nas duas últimas sessões, após um intervalo menos correlacionado, em que as ações brasileiras, assim como o dólar e os juros, responderam a incertezas sobre a situação fiscal doméstica.
Neste pré-feriado da Independência no Brasil e do Trabalho nos EUA, ambos na segunda-feira, quando não haverá negócios nos respectivos mercados, o Ibovespa saiu de mínima a 98.960,50 pontos – pior nível intradia desde 17 de agosto, então a 98.513,34 – e, a partir do meio da tarde, buscou se reaproximar e afinal renovou a máxima do dia, a 101.581,77 pontos, naquele momento em alta de 0,85% na sessão.
O giro financeiro foi a R$ 32,8 bilhões, alto mas abaixo do observado no dia anterior, e agora o Ibovespa cede 12,45% no ano, com ganho de 1,88% neste começo de mês.
Enquanto os índices de Nova York se mostravam menos pressionados, não distantes das máximas da sessão, especialmente o Nasdaq, que chegou a indicar perda em torno de 5% para a semana – ajuste que, ao fim, ficou pouco acima de 3% (-3,27%) -, o Ibovespa aproveitou para virar o jogo, evitando nova perda, após ter iniciado setembro em alta de 2,82%, animado pelo encaminhamento da reforma administrativa ao Congresso.
“Entre o movimento de correção das bolsas americanas, em vista do aumento da volatilidade que inevitavelmente deve ser gerado por conta das eleições, e a melhora do quadro político doméstico com o avanço das reformas, o Ibovespa segue travado entre os 103 e 99 mil pontos. Somente o rompimento de um desses extremos para o mercado ganhar uma direção no curtíssimo prazo”, diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.
Para Rodrigo Barreto, analista gráfico da Necton, o Ibovespa conta com suporte na faixa de 98,7 a 97,5 mil pontos e segue em região de consolidação, até os 103 mil, limite além do qual tende a buscar novos degraus aos 107 ou 108 mil pontos. “Tivemos no mês passado uma correção normal e o Ibovespa tem se mantido em faixa de acomodação um tanto ampla, de cerca de 4%. Hoje, como ontem , esteve bem correlacionado a Nova York, mas é de se notar que na quinta foi aos 103 mil (103.225,58) na máxima. O viés ainda é positivo”, acrescenta o analista.
Quando o cenário doméstico parecia um pouco mais desanuviado de temores sobre a política fiscal, sobreveio este ajuste a partir de fora, após uma sequência de renovações de máximas históricas no S&P 500 e Nasdaq, que nem de perto foram acompanhadas pela B3. Na semana, o Ibovespa acumulou perda moderada, de 0,88%, após leves avanços de 0,61% e de 0,17% nas duas anteriores.
Nesta sexta-feira, as ações de grandes bancos, pelo segundo dia, e parte das de siderurgia e mineração, em recuperação, contribuíram para o sinal positivo do Ibovespa no encerramento do dia – apesar da queda de 0,86% nesta sexta-feira em Qingdao, a tonelada do minério de ferro a US$ 128,80 mostra a pujança da demanda chinesa pelo insumo, refletindo retomada de atividade industrial mais acelerada, após o país ter sido o primeiro a ser atingido pelo Covid-19, mas também o que saiu mais rápido da crise, observa Barreto, da Necton.
Destaque nesta sexta-feira para alta de 2,79% em Gerdau PN, de 1,97% para Vale ON e de 2,56% para a Unit do Santander. Na ponta positiva do Ibovespa, Qualicorp subiu 7,68%, seguida por CCR (+4,35%), Braskem (+4,09%) e Gol (+3,68%). No lado oposto, Hering cedeu 4,95%, BTG, 2,42%, e Cyrela (-1,85%).
Por Luís Eduardo Leal
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