Setembro começou com uma notícia ruim, embora esperada. Na manhã desta terça-feira (1), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que Produto Interno Bruto (PIB) do País encolheu 9,7% no segundo trimestre de 2020 em comparação com o trimestre anterior. Em comparação com o segundo trimestre de 2019, a queda foi ainda maior, de 11,4%.
Foi o preço elevado pago pela economia devido ao distanciamento social adotado para controle da pandemia provocada pelo coronavírus. Segundo o IBGE, o resultado foi a segunda queda trimestral seguida e o pior número trimestral para a economia desde o início da série histórica, em 1996. Na véspera, o governo federal enviou ao Congresso a proposta para o Orçamento federal de 2021. A projeção é que haverá buracos nas contas até 2027.
Os números do PIB foram ruins também para períodos mais longos. Em valores correntes, a somatória dos bens e serviços produzidos no Brasil entre abril e junho foi de R$ 1,653 trilhão. No primeiro semestre, a queda do PIB foi de 5,9% e, nos últimos quatro trimestres, a queda foi de 2,2%. O PIB está no mesmo patamar do fim de 2009, auge dos impactos da crise global provocada pela onda de quebras na economia americana.
O único setor que apresentou um leve desempenho positivo foi o agronegócio, que cresceu 0,4%, graças, principalmente, à produção de soja e de café. Os demais setores, que são mais relevantes na economia, apresentaram quedas definidas pelo IBGE como “históricas”. A produção da indústria encolheu 12,3%, e o setor de serviços apresentou uma retração de 9,7%.
O consumo também foi afetado, como não poderia deixar de ser. Segundo o IBGE, os gastos das famílias, que representam 65% do PIB, encolheram 12,5%. A queda só não foi maior devido aos programas de ajuda do governo, que injetaram renda nas famílias e impediram uma retração ainda maior do consumo. O crescimento do crédito para as pessoas físicas também compensou, parcialmente, os impactos negativos da pandemia sobre a economia.
O que esperar desse resultado? Por mais assustador que seja o PIB do segundo trimestre, esse número refere-se a um resultado passado. Ou seja, algo que já aconteceu, e que só agora está sendo confirmado pelos resultados do IBGE. Sempre é bom lembrar que março e abril foram os meses de maiores baixas na Bolsa, com o mercado já expressando nos preços a desaceleração da economia. O investidor sábio vai tomar esse número com seriedade, mas sem desespero. O que interessa é o desempenho da economia no terceiro trimestre, e os indicadores mostram que a retomada da economia prossegue.
A confirmação de um PIB ruim no segundo trimestre e a incerteza sobre o orçamento público devem pesar sobre os preços nesta terça-feira (1).
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