O mês de agosto se encerra preservando a tradição de forte volatilidade. Há motivos técnicos para isso. Com as férias de verão no Hemisfério Norte, o movimento dos mercados diminui, apesar da atual situação de enorme liquidez devido aos programas de estímulo dos principais Bancos Centrais. Por isso, agosto foi marcado por fortes solavancos do Ibovespa. No melhor momento do mês, o principal indicador do mercado encerrou os negócios a 104.100 pontos, alta de 1,17% em relação ao fim de julho. No momento mais pessimista, apenas sete pregões depois, o índice encerrou a 99.600 pontos, queda de 3,2 por cento. E nesta segunda-feira (31), antes que os negócios comecem, o mercado registra uma leve queda de 0,75% em relação a julho.
Esse movimento vai na contramão dos mercados globais. Lá fora, os pregões prometem fechar agosto registrando a quinta valorização mensal consecutiva. Os motivos são os mesmos dos últimos tempos: liquidez elevada e juros baixos, que exercem uma pressão estrutural de alta sobre os preços dos ativos.
As particularidades políticas e econômicas do Brasil tornam os movimentos dos ativos menos previsíveis e mais intensos. No entamto, o País está, mais e mais, caminhando para se alinhar às leis de mercado. E o pregão da B3 é um bom lugar para comprovar isso. Cada vez mais as boas empresas se destacam da média, os casos de sucesso e competência empresarial são premiados com a valorização de seus papéis e os maus exemplos de governança ruim e resultados fracos refletem-se em uma capitalização baixa na bolsa. Um bom exemplo é o caso do IRB, o Instituto de Resseguros do Brasil. Líder de mercado, com 40% de participação, e empresa de referência no setor, o IRB foi vítima de uma fraude interna que destroçou seu valor de mercado, e ainda vai levar bastante tempo para que sua reputação se recupere.
Projeção para o PIB
A edição mais recente do relatório Focus do Banco Central (BC), divulgada nesta segunda-feira (31), mostra uma nova melhoria nas perspectivas para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. A retração esperada é de 5,28%, um resultado melhor do que os 5,46% de queda da semana anterior. Há oito semanas, o prognóstico era de uma retração de 6,50%.
Pela primeira vez em quase dois meses houve uma alteração nas projeções para o câmbio, ainda que pequena. Agora, o dólar esperado para o fim do ano é de R$ 5,25, leve alta ante os R$ 5,20 que vinham valendo há vários meses. O prognóstico para a taxa Selic permanece em 2%. E a projeção para a inflação medida pelo IPCA para o acumulado do ano voltou a subir levemente, avançando para 1,77% ante 1,71% da semana passada.
Confiança empresarial
O Índice de Confiança Empresarial (ICE) da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) subiu para 94,5 pontos em agosto, ante 87,5 pontos em julho. A alta de 7,0 pontos indica que a confiança dos empresários recuperou 96% das perdas ocorridas em março e abril. “Em termos setoriais, os destaques são a Indústria e o Comércio, cujos níveis de confiança já estão próximos aos do período anterior à pandemia do novo coronavírus”, diz Aloisio Campelo Jr., Superintendente de Estatísticas da FGV. O Índice de Confiança Empresarial (ICE) consolida os índices de confiança dos quatro setores cobertos pelas Sondagens Empresariais produzidas pela FGV IBRE: Indústria, Serviços, Comércio e Construção.
O último pregão do mês começa com um movimento de baixa nos contratos futuros de Ibovespa, o que pode indicar uma sessão negativa. No entanto, apesar da volatilidade no curto prazo, o cenário de longo prazo é positivo.
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