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Crianças estão deixando de ir a consultas e tomar vacinas durante pandemia

Diante da pandemia do novo coronavírus, pais estão deixando de levar os filhos ao pediatra e a postos de vacinação. Gestantes estão iniciando o pré-natal com atraso, mas, mesmo com medo, estão realizando as demais consultas nas datas corretas. As constatações são de uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) sobre os impactos da covid-19, realizada com 1.525 profissionais e apresentada nesta quarta-feira, dia 19.

Segundo o levantamento, 61% dos pediatras relataram queda acentuada no número de consultas e 73% disseram que as crianças deixaram de ser vacinadas no período, algo considerado preocupante pelos especialistas. “Com medo de levar as crianças para vacinar, os pais estão tirando delas uma grande proteção. É indispensável fazer essa vacinação mesmo em tempos de pandemia”, afirma Luciana Rodrigues Silva, presidente da Sociedade Brasileira de Pediatra.

Segundo Luciana, o levantamento mostrou ainda o impacto do isolamento para as crianças. “Seguramente, essas crianças confinadas em casa ficaram com mais tempo de tela e tiveram alterações comportamentais. Durante a infância é importante a socialização e contato com outras crianças. O pediatra é um profissional fundamental para acompanhar as crianças e para a orientação. É importante que o pediatra oriente que brincadeiras devem ser feitas durante este período para estimular o desenvolvimento da criança.”

De acordo com a pesquisa, 88% dos pediatras relataram que as crianças em idade escolar apresentaram alterações no comportamento, das quais 75% foram oscilações de humor.

Apesar da queda das consultas, o contato com os profissionais não foi totalmente perdido e 82% dos pediatras afirmaram que houve aumento das consultas por meios como telefone e WhatsApp.

Gestantes

Ginecologistas e obstetras observaram um grande temor das gestantes de que os filhos sejam infectados pelo novo coronavírus. “A grávida tem medo de, durante o curso da gravidez e de assistência ao parto, de se contaminar, mas é muito mais por ela do que pelo bebê. A pesquisa mostrou que 57% das mulheres relataram aos médicos que têm medo da transmissão vertical. Há uma memória muito recente do zika vírus, embora não tenha, até hoje, nenhuma comprovação científica desse tipo de transmissão com o novo coronavírus”, explica César Fernandes, diretor científico da Febrasgo.

Apesar de os profissionais terem notado um atraso no início do pré-natal (52%), eles relataram que as mulheres seguiram com as demais consultas nas datas corretas (80%). “Quando vão à consulta, por pressão da família ou preocupação do bebê, elas percebem que as consultas são marcadas com intervalos maiores para evitar que as grávidas fiquem juntas, veem que todos os profissionais usam máscara e o ginecologista tem muita relação de proximidade muito forte e de muita interatividade com a grávida.”

Ele destaca que a gestação precisa ser acompanhada para que problemas que podem aparecer no período, como a hipertensão e a diabete gestacional, sejam detectados precocemente, evitando complicações para a mãe e o bebê.

Os ginecologistas informaram que 82% das pacientes têm medo da internação hospitalar por causa do parto, principalmente pela preocupação de se infectar (75%) e que apenas 31% das pacientes querem optar pela cesárea mesmo sabendo que o parto normal não oferece riscos para o bebê.

“As grávidas avaliaram bem a questão. O parto é muito preocupante para a grávida, já traz questões que estão no imaginário das mulheres, mas elas entendem o que é melhor para elas e para o bebê e quase 70% responderam que preferem, mesmo em tempos de covid, o parto normal.”

Por Paula Felix

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