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Tensão EUA-China, pacote americano e limite de taxas a bancos pesam no Ibovespa

Renovadas tensões entre Estados Unidos e China incomodam os mercados nesta sexta-feira, 7, e fazem com que o Ibovespa opere em queda superior a 1%, chegando a ficar na faixa dos 102 mil pontos (mínima foi aos 102.744,13 pontos). Se o movimento continuar, poderá impedir o índice de fechar a semana com valorização. Até o momento, acumula elevação semanal de 0,39%.

A grande espera deste dia era a divulgação do payroll, relatório de emprego norte-americano. O país criou 1,763 milhão de empregos em julho, mostrando que o mercado de trabalho da maior economia do mundo continua se recuperando do choque da pandemia de coronavírus. O resultado veio acima da mediana das expectativas de analistas consultados pelo Projeções Broadcast, de criação de 1,5 milhão de postos de trabalho. As estimativas variavam de corte de 280 mil vagas a geração de 3 milhões de empregos.

A taxa de desemprego caiu de 11,1% em junho para 10,2% em julho. Neste caso, a projeção era de queda menor da taxa, a 10,5%. Às 11h23, o Ibovespa caía 1,20%, aos 102.873,90 pontos.

“Reforçou que a economia está em recuperação – e forte. Está voltando a todo vapor”, avalia o estrategista-chefe da Levante Ideias de Investimentos, Rafael Bavilacqua.

Após os dados, os mercados acionários reduziram as perdas, mas depois voltaram a cair com mais intensidade, diante de dúvidas a respeito do pacote de ajuda à economia americana, que encontra resistência. Hoje, o diretor do Conselho Econômico da Casa Branca, Larry Kudlow afirmou que os democratas não estão interessados em firmar um acordo com os republicanos por um novo pacote fiscal nos EUA.

Já o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, observa, ao avaliar o payroll, que o é bom parece que é ruim. Segundo ele, ao mesmo tempo em que o indicador sugere que a economia americana está se recuperando, isso pode incentivar um pacote ao país com valor um pouco mais brando que o esperado ou até mesmo nem ter um novo plano de estímulo. “Por isso, voltaram a estressar, sem falar nas questões envolvendo os EUA e a China.

Para o estratregista, a Bolsa brasileira sofre mais por questões internas, como a decisão do Senado de limitação em 30% ao ano dos juros do cartão de crédito e do cheque especial também pesa até 31 de dezembro. As ações de bancos operam em baixa na B3, com queda máxima de quase 3%.

Além disso, os investidores adotam cautela após medidas do presidente norte-americano, Donald Trump, de ordenar que empresas americanas interrompam transações com as chinesas Tencent e ByteDance – controladoras dos aplicativos WeChat e TikTok, respectivamente – em 45 dias. A China já reagiu e acusa os EUA de “manipulação política”.

A preocupação com as relações sino-americanas acabou por deixar em segundo plano o avanço de 7,2% nas exportações chinesas em julho ante junho e a alta de 8,9% na produção industrial e de 14,9% nas exportações da Alemanha no período. O minério de ferro negociado no porto chinês de Qingdao já reagiu em queda, de 1,70%, fechando em US$ 119,21 a tonelada, o que pressiona as ações de commodities metálicas na B3, com destaque para Vale ON (-1,88%).

Além disso, o petróleo devolve ganhos recentes e cai quase 1,5% no exterior esta manhã, atingindo os papéis da Petrobras, que recuam em torno de 2,5%.

Em tempo: o IPCA de julho acelerou a 0,36%, ficando igual à mediana das estimativas na pesquisa do Projeções Broadcast (0,21% a 0,54%). No ano, acumula alta de 0,46% e de 2,31% em 12 meses.

Em tempo 2: As vendas de veículos novos no País caíram 28,4% em julho, no comparativo com o mesmo mês de 2019, mas continuam mostrando uma retomada na margem, conforme a Anfavea.

Por Maria Regina Silva

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