A taxa Selic deve cair mais uma vez, para 2%, e encerrar o ano nesse patamar, de acordo com os economistas que fazem parte do Grupo Consultivo Macroeconômico da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). A projeção deles é que o Copom (Comitê de Política Monetária, do Banco Central) anuncie amanhã (5) mais um corte nos juros, de 0,25%, que pode ser o último de 2020.
“O atual balanço de riscos inflacionários e a manutenção da ociosidade da economia devem estimular um novo corte dos juros, na avaliação de grande parte dos membros do grupo”, afirma Fernando Honorato, coordenador do Grupo Consultivo Macroeconômico. “Para as próximas reuniões do Copom, nossa expectativa é de manutenção desse patamar, a depender da evolução da pandemia no país e de seus efeitos na atividade”, diz. Para a inflação, a mediana de estimativas do grupo se manteve em 1,7%.
Os economistas também revisaram as projeções do PIB deste ano: a queda de 6,6% prevista na reunião anterior do grupo, em junho, passou para -5,5%. A mudança é resultado das percepções dos economistas de que a flexibilização do isolamento social em algumas regiões do país e as políticas de transferência de renda do governo federal têm refletido na melhora dos indicadores de atividade econômica, principalmente nos setores de comércio, agronegócio, exportações e construção civil. Em relação ao PIB do segundo trimestre, a expectativa de queda de 11,65% passou para -9,5%.
Quanto à política fiscal, a projeção de déficit primário ficou em 11,67%, maior do que a apontada na reunião anterior do grupo, que havia sido de 10,75%. Os economistas indicaram mais uma vez a necessidade de retomada da agenda de reformas estruturais no momento pós-pandemia, o que permitiria assegurar a manutenção do teto de gastos e de taxas de juros mais baixas para os próximos anos.
Câmbio
Os membros do Grupo Consultivo Macroeconômico não entraram em consenso quanto à trajetória do dólar nos próximos meses. Parte dos economistas acredita que o atual ciclo de depreciação da moeda norte-americana no mercado internacional já estaria perto do fim, dada a maior exposição ao risco dos investidores nos últimos meses. Outros analistas argumentam que há espaço para desvalorizações adicionais, já que o nível de incerteza e a assimetria entre regiões ainda estimula investimentos de maior risco.
A projeção da taxa de câmbio foi mantida em R$ 5,20 no encerramento deste ano. Caso concretizada, corresponderá a desvalorização de 29% da moeda brasileira.
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