Profissionais do mundo da comunicação e da propaganda lamentaram a morte do publicitário Washington Olivetto, falecido aos 73 anos na noite deste domingo, 13. Olivetto estava internado há quatro meses no Hospital Copa Star, na Zona Sul carioca, e faleceu por complicações de uma cirurgia de pulmão realizada em São Paulo, dias atrás.
Ao longo de sua carreira, o publicitário ganhou mais de 50 prêmios no Festival de Publicidade de Cannes (França). Ele também é o único publicitário não anglófono a integrar o Hall da Fama do The One Club de Nova York. Nascido na Lapa, em São Paulo (SP), fundou, junto com sócios, a agência W/Brasil, em 1986. Foi o responsável por propagandas icônicas, como o garoto da Bombril e o retrato pixelado de Hitler para o jornal “Folha de S.Paulo”, em 1987. Era considerado o publicitário mais premiado do Brasil.
Aficionado por futebol, foi vice-presidente do Corinthians na década de 1980, sendo um dos criadores do movimento da Democracia Corinthiana. Olivetto deixa três filhos: Homero, Antônia e Theo.
“Washington foi escola, e foi aluno do cotidiano para compreender que a propaganda criativa vem da rua, dos hábitos da cultura popular. Sua carreira e sucesso foram guiados por saber transformar as atitudes simples em ideias poderosas, inesquecíveis”, disse Fernando Barros, presidente do Conselho da agência Propeg.
“Ele é praticamente Abraão, que teve um monte de filhos. Depois, são variações adequadas ao tempo. Mas a boa escola vem dele. Quando falam que ele foi um dos maiores publicitários brasileiro, não, está errado. Foi o maior publicitário brasileiro”, disse Nizan Guanaes sobre o amigo, em entrevista exclusiva ao Estadão.
“Washington Olivetto foi um dos gênios da indústria criativa brasileira e um dos principais parceiros da Globo na construção de um mercado publicitário nacional potente, relevante e inovador. Sentiremos falta da sua fantástica capacidade de entender, interpretar e se comunicar com o Brasil, através de campanhas memoráveis que inspiraram e emocionaram gerações. À família, aos amigos e aos companheiros de trabalho, enviamos nosso abraço carinhoso”, diz Paulo Marinho, diretor-presidente da Globo.
“Perdemos Washington Olivetto, o maior publicitário de todos os tempos. Um talento raro, uma pessoa culta e divertida, sofisticada e popular, um amigo elegante e legal, um corinthiano fanático, um cidadão do mundo. Foi muito além da publicidade, virou um artista pop, formador de opinião, sem nunca perder a leveza e o humor. Fez a publicidade brasileira ganhar asas e se tornar uma das mais premiadas do mundo”, lamentou Luiz Lara, presidente do Cenp-Meios.
“Ganhou seu primeiro prêmio em Cannes com apenas 19 anos. Brilhou na DPZ, onde revolucionou o cinema publicitário, fundou a W/Brasil e sempre criou campanhas memoráveis que entraram na cultura popular. O Garoto Bombril , o homem de 40 anos, o casal Rodolfo e Anita do Itaú, Unibanco 30 Horas, O primeiro sutiã da Valisere, o Cachorrinho da Cofap, os meninos do DDD, o Bra de Bradesco, muitas campanhas fantásticas que ficarão para sempre na nossa memória afetiva”, disse Lara.
“Washington foi o maior de todos. O Brasil não seria o que é no mundo da música sem Tom Jobim, assim como no mundo da propaganda sem Washington. Ele abriu a estrada para que depois viessem criativos, empresários, uma indústria, um país inteiro. Se apaga uma luz dentro de mim e de todos nós. Digo isso como publicitário, corintiano mas, acima de tudo, brasileiro”, disse Filipe Bartholomeu, presidente e CEO da AlmapBBDO.
“Washington deu outra dimensão à palavra “publicitário”. Tornou a nossa carreira uma das profissões mais desejadas do país. Elevou a publicidade brasileira ao reconhecimento internacional entre as melhores do mundo. E fez tudo isso, sem deixar de ser popular. Gênio que fez sucesso de público e de crítica. Como ele sempre acreditou que deve ser a boa propaganda”, diz Mario DAndrea, CEO e sócio da DOM.
“Toda profissão tem um camisa 10, um cara que é outstanding (fora do comum) (…). No mundo todo talvez não tenha um profissional com tantos leões quanto ele em Cannes. Ele deu vida à propaganda brasileira, tornou a propaganda brasileira numa profissão socialmente aceita. Ser publicitário passou a ser viável para muita gente que era doutor, que corria atrás de diploma”, diz Paulo de Tarso da Cunha Santos, que é estrategista de comunicação política.
“Hoje perdemos uma das maiores referências da publicidade brasileira. Washington Olivetto foi mais que um publicitário; foi o motivo pelo qual muitos de nós seguimos essa carreira com orgulho. Ele colocou o Brasil no mapa da criatividade mundial, mostrando que negócios e criatividade caminham juntos. Para uma geração de líderes criativos e donos de agências, ele foi o mestre, nos ensinando a pensar além. Pioneiro, foi um dos primeiros brasileiros a ganhar um Leão em Cannes e ser homenageado no festival, marcando a publicidade global”, disse Erh Ray, CEO e CCO da BETC Havas.
“Com obras memoráveis como “O Primeiro Sutiã” e “O Garoto da Bombril”, foi visionário ao perceber que publicidade e cultura popular precisavam caminhar juntas. E transformou o ser publicitário em motivo de orgulho. Seu legado transcende prêmios e moldou nossa indústria. O vazio que deixa é imenso, mas seu impacto é eterno”, disse Ray.
“Além de gênio criativo, dos maiores da história, Washington Olivetto era um homem de negócios como poucos. Ajudou a criar e por décadas garantiu a estabilidade do modelo de negócios do nosso mercado. Com isso, devemos a ele o tamanho e relevância atual da propaganda brasileira”, disse João Dabbur, que é Diretor Geral da Magna, unidade de negociação e inteligência da Mediabrands.
O diretor de TV José Bonifácio Brasil de Oliveira, o Boninho, lamentou a morte de Olivetto nas redes. “Quem não se lembra do cachorrinho da Cofap, do garoto Bombril, do primeiro sutiã e do genial “Hitler para Folha”. Ele nunca parou de criar, sempre recebia dele alguma ideia, um bom texto, um divertido carinho. Vai fazer falta na minha vida”, escreveu Boninho.
A jornalista Miriam Leitão, por sua vez, usou o X para homenagear Olivetto. O profissional paulistano “fez da publicidade poesia e um ato político”, disse Leitão.
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