O governo interino da Bolívia suspendeu as relações diplomáticas com Cuba nesta sexta-feira, 24. A determinação, que começa a valer imediatamente, foi publicada no site do ministério de Relações Exteriores boliviano.
O ministro da Presidência do governo interino da Bolívia, Yerko Núñez, anunciou a decisão um dia após o chanceler cubano, Bruno Rodríguez Parrilla, chamar a presidente boliviana interina, Jeanine Áñez, de “mentirosa”, “golpista” e “autoproclamada”, depois que ela criticou os médicos cubanos que atuavam no país durante o governo de Evo Morales.
“A partir desta data, a Bolívia suspende as relações diplomáticas com a República de Cuba. Essa determinação obedece às recentes e inadmissíveis declarações do chanceler cubano e à permanente hostilidade e constantes reparos feitos por Cuba ao governo boliviano e seu processo democrático”, disse Núñez, em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira.
“O governo cubano, de maneira sistemática, tem afetado as relações bilaterais baseadas no respeito mútuo, nos princípios de não ingerência em assuntos internos, da autodeterminação dos povos e da igualdade soberana dos Estados, apesar da disposição do governo da Bolívia de manter relações cordiais”, disse.
Na quarta-feira, Áñez havia dito que as brigadas de médicos cubanos na Bolívia receberam US$ 147 milhões do governo de Morales, dinheiro com o qual, segundo a presidente interina, daria para fazer 7.355 transplantes renais em todo o país.
A declaração não agradou o governo cubano, aumentando a crise diplomática que já estava aberta desde que o governo interino expulsou da Bolívia os profissionais da ilha, chegando a deter cinco deles.
“Vulgares mentiras da golpista autoproclamada na Bolívia. Outra mostra de sua servilidade aos Estados Unidos. Deveria explicar ao povo que, depois do retorno a Cuba de colaboradores médicos, devido à violência que foram submetidos, mais de 454.440 atendimentos médicos deixaram de ser feitos”, escreveu Parrilla.
Em novembro passado, Cuba anunciou a retirada de seus médicos da Bolívia, acusando o governo interino boliviano de “assédio e maus-tratos”. A decisão foi tomada dias depois da renúncia de Evo Morales, ex-presidente da Bolívia e aliado cubano.
Governo interino da Bolívia
A Bolívia está sob o governo da presidente interina, Jeanine Áñez, desde novembro, quando o presidente Evo Morales renunciou em meio a protestos da oposição, uma greve da polícia e depois de um ultimato das Forças Armadas.
Apesar de seu caráter interino – haverá eleições presidenciais e legislativas em 3 de maio, depois do cancelamento do pleito de outubro de 2019 -, o governo de Áñez vem promovendo mudanças profundas na orientação da política externa do país, em alinhamento com os Estados Unidos e com os demais governos de direita na América do Sul.
No final de dezembro, Áñez expulsou três diplomatas do México e da Espanha, acusando-os de pretender levar para fora do país autoridades do governo Morales que haviam recebido asilo diplomático na embaixada mexicana. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
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