Após o superávit de US$ 1,326 bilhão em maio, o resultado das transações correntes ficou novamente positivo em junho deste ano, em US$ 2,235 bilhões, informou nesta terça-feira, 28, o Banco Central. Este foi o quarto mês consecutivo de superávit em conta corrente.
Os dados refletem os efeitos da pandemia do novo coronavírus, que a partir de março se intensificou no Brasil, reduzindo o volume de importações de produtos. A autarquia projetava para o mês passado superávit de US$ 2,0 bilhões na conta corrente.
O número de junho ficou dentro do levantamento realizado pelo Projeções Broadcast, que tinha intervalo de superávit de US$ 2,000 bilhões a superávit de US$ 8,000 bilhões (mediana positiva de US$ 3,800 bilhões).
A balança comercial registrou saldo positivo de US$ 6,898 bilhões em junho, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 1,371 bilhão. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 3,452 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou positivo em US$ 2,420 bilhões.
Acumulado
No acumulado do primeiro semestre, o rombo nas contas externas soma US$ 9,734 bilhões. A estimativa atual do BC é de déficit em conta corrente de US$ 13,9 bilhões em 2020.
Nos 12 meses até junho deste ano, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 38,188 bilhões, o que representa 2,35% do Produto Interno Bruto (PIB). Este é o menor porcentual desde maio de 2019 (2,32%).
Lucros e dividendos
A remessa de lucros e dividendos de companhias instaladas no Brasil para suas matrizes foi de US$ 1,760 bilhão em junho, informou o Banco Central. A saída líquida representa um volume inferior aos US$ 2,461 bilhões que foram enviados em igual mês do ano passado, já descontados os ingressos.
No acumulado do primeiro semestre, a saída líquida de recursos via remessa de lucros e dividendos alcançou US$ 7,935 bilhões. A expectativa do BC é de que a remessa de lucros e dividendos de 2020 some US$ 13,2 bilhões.
O BC informou também que as despesas com juros externos somaram US$ 1,694 bilhão em junho, ante US$ 1,426 bilhão em igual mês do ano passado.
No acumulado do primeiro semestre, essas despesas alcançaram US$ 10,740 bilhões.
Viagens internacionais
Sob os efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia, a conta de viagens internacionais registrou déficit de apenas US$ 72 milhões em junho, informou o Banco Central. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil no período. Em junho de 2019, o déficit nessa conta foi de US$ 1,150 bilhão.
Na prática, com o dólar em níveis altos e as limitações para que brasileiros possam viajar a outros países, os gastos líquidos no exterior despencaram 93,74% em junho deste ano.
Vale lembrar que a pandemia do novo coronavírus ganhou corpo a partir de março, quando se intensificaram as restrições de deslocamento entre países.
No dia 24 de maio, porém, os Estados Unidos anunciaram a proibição de entrada de viajantes estrangeiros provenientes do Brasil. Na esteira deste movimento, outros países também decidiram restringir a entrada de brasileiros.
O desempenho da conta de viagens internacionais no mês passado foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 239 milhões – queda de 84,32% em relação a junho de 2019. Já o gasto dos estrangeiros em viagem ao Brasil ficou em US$ 167 milhões no mês passado, o que representa um recuo de 55,35%.
No primeiro semestre, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 1,735 bilhão. Este valor é 69,72% menor que o visto em 2019.
Dívida externa
A estimativa do Banco Central para a dívida externa brasileira em junho é de US$ 308,904 bilhões. Segundo a instituição, o ano de 2019 terminou com uma dívida de US$ 322,985 bilhões.
A dívida externa de longo prazo atingiu US$ 235,539 bilhões em junho, enquanto o estoque de curto prazo ficou em US$ 73,365 bilhões no fim do mês passado.
Por Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues
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