Em meio aos protestos antirracismo, a famosa estátua de bronze em homenagem à Pequena Sereia foi pichada ontem em Copenhague: “peixe racista”, dizia a mensagem.
O monumento é uma homenagem à personagem criada pelo escritor dinamarquês Hans Christian Andersen e está colocada em uma pedra à beira-mar. A escultura de 107 anos e 1,65 metro de altura, que anualmente é visitada por um milhão de turistas, já foi pichada antes por ativistas pró-democracia e por ambientalistas contrários à pesca de baleias, que é legal no país.
O monumento também já foi decapitado duas vezes. “Consideramos a pichação um ato de vandalismo e vamos investigar”, afirmou um porta-voz da polícia da capital.
A personagem de Hans Christian Andersen não esteve envolvido no debate antirracista, mas as versões da Disney para a história da Pequena Sereia, sim. No ano passado, quando a empresa anunciou que faria um filme com base no desenho animado de 1989, a atriz negra Halle Bailey, escolhida para o pape da protagonista Ariel, recebeu uma quantidade enorme de mensagens racistas.
A própria Disney foi criticada por colocar uma negra no lugar de uma “personagem dinamarquesa, que deveria ser branca e ter cabelos ruivos”. Na época, a empresa divulgou um comunicado afirmando que “as sereias dinamarquesas podem ser negras, porque os dinamarqueses podem ser negros”.
Foi só em 1992 que a Disney criou sua primeira princesa que não era branca: Jasmine, de origem árabe, no desenho animado Aladim. Depois, vieram Pocahontas, a primeira indígena, em 1995, Esmeralda, uma cigana, em 1996, Mulan, uma asiática, em 1998, Tiana, uma negra, em 2009, e Elena, a primeira latina, em 2016. “Tenho muita dificuldade para ver o que é racista no conto de fadas A Pequena Sereia”, disse Ane Grum-Schwensen, pesquisadora do Centro H.C. Andersen da Universidade do Sul da Dinamarca.
Andersen nunca foi apontado como um autor de obras racistas, embora tenha abordado o colonialismo e questões raciais em uma peça de 1840 chamada Mulatto. No entanto, alguns estudiosos sustentam que há implicações racistas em algumas histórias do escritor dinamarquês.
Desde o começo dos atos contra o morte de George Floyd, negro assassinado em 29 de maio por um policial branco em Minneapolis, nos EUA, manifestantes em toda a Europa começaram a atacar monumentos históricos que faziam homenagem a escravocratas ou personagens com passado colonialista, como Winston Churchill, ex-premiê britânico.
A onda começou em Bristol, no Reino Unido, quando manifestantes derrubaram uma estátua de Edward Colston, um traficante de escravos do século 17, que foi homenageado com o monumento em 1865. Os ativistas amarraram uma corda na estátua e a arrastaram até o Rio Avon, onde ela foi atirada. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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