O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que funciona como uma prévia da inflação oficial medida pelo IPCA, registrou um aumento de preços de 0,71% em janeiro, abaixo do 1,05% registrado em dezembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quinta-feira (23). O resultado veio em linha com as expectativas do mercado, que previa uma inflação entre 0,55% e 0,76%. Em 12 meses, o IPCA-15 indica uma inflação de 4,34%.
A desaceleração da inflação decorreu da relativa estabilidade no preço da carne. A alta foi a maior contribuição individual para o índice, mas o avanço perdeu tração. Após terem subido 17,71% em dezembro, os preços da carne variaram 4,83% em janeiro
O IPCA-15 não foi o único índice de inflação a ser divulgado nesta quinta-feira. A Fundação Getulio Vargas (FGV) registrou um aumento tanto na inflação ao consumidor quanto nas expectativas de inflação dos consumidores. A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) das quatro semanas até 22 de janeiro subiu 0,56%, uma alta de 0,08 ponto percentual ante os 0,48% registrados no levantamento anterior.
A maior contribuição para a alta veio do item Educação, cujos preços subiram 0,95%, ante uma queda de 0,11% no levantamento anterior. Já os preços dos alimentos incomodaram menos. A variação de preços do item Alimentação desacelerou para 1,12%, ante o 1,61% da quadrissemana anterior. O preço da carne bovina, que havia subido elevados 5,47% na pesquisa anterior, manteve-se bem mais estável e subiu 0,67%.
Os fortes aumentos da carne, da energia elétrica e das apostas lotéricas nas últimas semanas alteraram também as expectativas de inflação dos consumidores para os próximos 12 meses. Segundo a FGV, em janeiro, a inflação esperada para o ano subiu de 4,8% para 5%. Essa alta interrompeu uma tendência de queda que vinha valendo desde agosto de 2019, quando a inflação prevista para os 12 meses seguintes era de 5,3%. No entanto, segundo a FGV, como essas expectativas se baseiam, em parte, na inflação passada, é provável que esse efeito arrefeça nos próximos meses.
A expectativa de arrefecimento nos preços ao consumidor e a baixa confirmada do IPCA-15 reforçam a tese de que o Banco Central (BC) poderá retomar sua política de redução dos juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcado para fevereiro. Atualmente no mínimo histórico de 4,5% ao ano, a Taxa Referencial Selic pode ter espaço para cair mais 0,25 ou mais 0,5 ponto percentual, dado o ritmo fraco da economia real. A confirmação de que, passada a indigestão com a carne, a inflação voltou a um canal de baixa justifica novas apostas de corte nos juros.
A inflação sob controle e as perspectivas de corte nos juros, aliados à forte demanda por títulos de renda fixa de empresas brasileiras no mercado internacional, permitem prever um aumento do otimismo dos investidores estrangeiros para com os ativos locais.
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