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Dólar fica a R$ 5,32 e Bolsa fecha em queda, com preocupação sobre retomada da economia

(Foto: Shutterstock)

Uma piora generalizada tomou conta do mercado brasileiro nesta quarta-feira, 24, ainda como reflexo dos temores quanto à dificuldade da retomada da economia causada pelo novo coronavírus, que já se encaminha para uma segunda onda em alguns países. Em resposta, o dólar subiu forte e fechou com valorização de 3,33%, a R$ 5,3231. Já a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, encerrou com queda de 1,66%, aos 94.377,36 pontos.

Por aqui, o pessimismo dos investidores se intensificou após o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisar para baixo as projeções para a economia global em 2020, o que inclui uma queda de 9,1% para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. A economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, afirmou que a expansão do coronavírus em mercados emergentes levou à piora das previsões para o PIB nesses países.

Questionada pelo Estadão/Broadcast se o avanço do número de pessoas contaminadas pelo vírus no Brasil foi determinante para o FMI reduzir a previsão do PIB neste ano, ela respondeu: “O Brasil tem os mesmos desafios que muitos emergentes para lidar com coronavírus. O aumento de casos no País foi fator importante para redução de previsão do PIB em 2020”.

O dado gerou uma tensão no mercado local, que foi diretamente refletida no Ibovespa, principal índice de ações do mercado brasileiro. Na mínima do dia, o índice caía aos 93.259,07 pontos. No restante do pregão, ele se firmou aos 94 mil pontos, em uma queda de próxima aos 2%.

Com os resultados de hoje, a B3 cede agora 2,27% na semana, mas ainda avança 7,89% em julho. No ano, as perdas acumuladas subiram para 18,39%. Apesar do dia ter sido de queda para as principais ações, as de empresas exportadoras, que são beneficiadas pela alta do dólar, tiveram alta hoje. Marfrig subiu 3,28% e Klabin avançou 2,55%. Os papéis da Sabesp também ganharam 2,33%, impulsionados pela votação do marco legal do saneamento no Senado nesta quarta..

Câmbio
A moeda se manteve em alta desde a abertura, influenciada pela piora nas estimativas do FMI. Com isso, o dólar teve nesta quarta, a sua maior alta para um dia desde 18 de março, ou seja três meses. De modo geral, países emergentes como o México e a África do Sul, sentiram a pressão da divisa na sessão de hoje, com altas de 1,58% e 1%, respectivamente. No entanto, o real foi o que teve o pior desempenho, com a desvalorização de 3,33%.

Na máxima do dia, nesta quarta, o dólar ia a R$ 5,3285. Vale lembrar que no fechamento da última terça-feira, 23, a moeda americana recuou 2,26% e ficou a R$ 5,1517. Porém, o fortalecimento da moeda americana se deu também frente a outras divisas fortes. No fim de tarde em Nova York, iene, libra e euro recuavam perante o dólar.

Cenário internacional
No exterior, os mercados se voltaram para o aumento de casos do coronavírus nos Estados Unidos, que se agravaram após o fim de algumas medidas de isolamento. Somente hoje, foram 34.313 infectados. Na última terça, o assessor de saúde da Casa Branca Anthony Fauci alertou que houve um “salto perturbador” nos novos casos em alguns Estados americanos, como Texas, Flórida e Arizona. Além disso, a Alemanha também tem relatado surtos regionais de covid-19.

No noticiário financeiro, uma nova tensão, agora entre Estados Unidos e União Europeia, também chamou a atenção. Nesta quarta, o Escritório do Representante de Comércio dos EUA, disse que estuda impor tarifas a US$ 3,1 bilhões de exportações da UE, em novo capítulo de uma longa disputa protagonizada por Washington e o bloco europeu. Com isso, o Stoxx 600 encerrou com baixa de 2,78%.

​Bolsas do exterior
A segunda onda do vírus fez com que as Bolsas asiáticas encerrassem sem sentido único nesta quarta. O japonês Nikkei caiu 0,07% e o Hang Seng recuou 0,50% em Hong Kong. Já o sul-coreano Kospi avançou 1,42% e o Taiex subiu 0,42% em Taiwan. Os chineses Xangai Composto e Shenzhen Composto tiveram ganhos de 0,30% e 0,01%, respectivamente. Na Oceania, a bolsa australiana teve alta modesta de 0,19%.

Na Europa, a nova desavença com os EUA somada ao avanço da covid-19 derrubaram as Bolsas locais, que fecharam em forte queda. Por lá, também pesou a previsão do FMI de queda do PIB dos países do bloco. Com isso, Londres teve recuo de 3,11% e Frankfurt cedeu 3,43%. Em Paris, Milão e Madri, as quedas foram de 2,92%, 3,42% e 3,27%, cada. Em Lisboa, a Bolsa caiu 1,75%.

A tensão entre EUA e União Europeia, somada ao aumento de casos da doença, também pesou para os índices das Bolsas de Nova York. O Dow Jones caiu 2,72%, o S&P 500 teve recuo de 2,59% e o Nasdaq cedeu 2,19%.

Petróleo
Além do aumento de casos da covid-19 nos EUA, o mercado de petróleo refletiu o relatório semanal do Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) americano. Segundo o órgão, os estoques aumentaram 1,442 milhão de barris na semana, acima da previsão de alta de 600 mil dos analistas, enquanto a produção média diária também subiu.

Em resposta, o WTI para agosto, referência no mercado americano, fechou em queda de 5,84%, a US$ 38,01 o barril. Já o Brent para o mesmo mês, referência no mercado europeu, recuou 5,44%, a US$ 40,31 o barril – no ativo, pesou também a mais recente troca de farpas entre Washington e União Europeia.

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