Com base em dados que mostram o potencial do Nordeste em termos de empreendedorismo e mercado consumidor, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) anunciou que apoiará, com um aporte de até R$ 3 milhões para cada projeto, iniciativas de instituições públicas ou privadas que contribuam para digitalizar o setor produtivo nordestino no período pós-pandemia.
O edital, que será lançado nesta quinta-feira (25), selecionará inicialmente até 20 projetos e ficará aberto até 10 de agosto – prazo que os interessados terão para enviar as propostas. O Nordeste foi escolhido com base em pesquisas que mostram o potencial e o empreendedorismo da região. A ABDI destacou a pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor, feita em 2014, segundo a qual “o Nordeste é a região mais empreendedora do Brasil”.
Outra pesquisa, organizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para testar o impacto de ferramentas digitais na produção (o Indústria Mais Avançada), mostrou que a produtividade aumentou 28,2% nas empresas da região com o uso de ferramentas digitais como sensoriamento, computação em nuvem e internet das coisas (IoT).
“De todas as regiões beneficiadas por esse projeto piloto, o Nordeste foi a que mais teve ganhos de produtividade, demonstrando que pequenas intervenções podem ser significativas para modificar o padrão de produção e desenvolvimento da região”, ressaltou a ABDI. Existem na região mais de 1 milhão de micro e pequenos empreendimentos (15,3% do total do país), diz o Anuário dos Pequenos Negócios do Trabalho de 2017 do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Maturidade digital
“O mundo mudou. Com a pandemia, o mundo da economia digital é o que vai avançar mais profundamente, sem depender tanto de uma grande planta industrial, de varejo ou de comércio. Com isso, novos lugares estarão aptos a entrar na era digital”, disse à Agência Brasil o presidente da ABDI, Igor Calvet.
Segundo Calvet, a ABDI quer acelerar projetos com potencial para inovar as empresas do Nordeste e aumentar sua “maturidade digital”, após a crise causada pelo novo coronavírus ter apontado uma “necessidade irreversível da digitalização da economia” e de remodelagem dos negócios.
“Diagnóstico atual mostra ilhas isoladas de excelência em tecnologia no Nordeste. É o caso do Porto Digital do Recife; da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em Campina Grande; e do parque tecnológico Tec Unifor, da Universidade de Fortaleza, onde empresas incubadoras formam um polo de soluções envolvendo tecnologia e inovação”, acrescentou Calvet.
O mercado consumidor nordestino, potencializado em anos recentes, também foi levado em conta para a elaboração do edital que resultará no apoio aos projetos selecionados.
Edital
As inscrições para o edital poderão ser feitas a partir desta quinta-feira (25) no portal da ABDI. O prazo para submissão das propostas será encerrado no dia 10 de agosto. Poderão participar do Digital BR arranjos compostos por, pelo menos, três instituições diferentes com competência para atuar na implementação do projeto, informa a ABDI.
Na fase piloto, o investimento da ABDI ficará entre R$ 500 mil e R$ 1,5 milhões para cada um dos até 20 projetos a serem selecionados. Na segunda fase (de escala), haverá nova participação entre R$ 500 mil e R$ 1,5 milhões por projeto. Pelo menos cinco projetos serão selecionados nessa fase, sem necessidade de contrapartida financeira. Terá início, então, a fase de implementação dos pilotos, na qual as redes com projetos selecionados terão seis meses para testar, experimentar e implementar pilotos, “validando sua viabilidade técnica e financeira”.
Após essa etapa, os projetos passarão por nova seleção e, pelo menos os dois melhores, avançarão para a etapa seguinte, recebendo novo aporte de até R$ 1,5 milhão. Para seguir para a próxima fase, no entanto, a ABDI exige uma contrapartida financeira da rede, que deverá ser igual ou superior ao total aportado pela agência.