Após defender políticas de isolamento social durante a pandemia e enfrentar publicamente o presidente Jair Bolsonaro, o governador João Doria (PSDB) foi alvo nos últimos dias de pressão de prefeitos – muitos do seu próprio partido, como o da capital, Bruno Covas -, e de empresários ao apresentar o plano de abertura gradual.
Embora tenha desagradado a especialistas, a medida foi uma tentativa de Doria evitar que sua base eleitoral se volte contra ele às vésperas da eleição municipal e o Estado enfrentasse processos judiciais em que municípios cobrariam a reabertura de empresas e comércio.
A avaliação de aliados de Doria e de prefeitos ouvidos pela reportagem é que o governador enfrenta agora o momento político mais difícil desde o início da crise sanitária. Cobrado por prefeitos e empresários ligados à Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Doria deixou de seguir – pela primeira vez, segundo aliados – a orientação estrita do Centro de Contingência do Coronavírus do governo, formado por especialistas.
O principal foco de tensão do governo foi com a Prefeitura de São Paulo. Covas insistiu em reabrir após subprefeituras relatarem dificuldade de manter restrições. O diagnóstico foi que o bloqueio do comércio não se sustentaria por mais uma semana, e algo precisaria ser feito: endurecer, com apoio do Estado (lockdown), ou abertura controlada. A palavra “desobediência civil” passou a circular no WhatsApp dos gestores.
“A decisão de reabertura não foi pressão política, mas técnica”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido. “A taxa de transmissibilidade (do vírus) da capital é 1, e no Estado é de 1.5, sendo que o interior é 1.7.”
Já no interior, ao longo da pandemia, cidades grandes como Ribeirão Preto – do prefeito tucano Duarte Nogueira – e São José dos Campos – do tucano Felicio Ramuth – abriram seus comércios, mas tiveram de recuar após decisão da Justiça.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Pedro Venceslau, Bruno Ribeiro e Paula Reverbel
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