O grupo Latam e suas afiliadas no Chile, Peru, Colômbia, Equador e Estados Unidos entraram com pedido de recuperação judicial (Chapter 11) nos Estados Unidos nesta terça-feira, 26. A companhia é a segunda aérea da América Latina a fazer a solicitação em meio à crise da pandemia da covid-19. Há duas semanas, a Avianca Holdings fez pedido similar.
As unidades do grupo no Brasil, Argentina e Paraguai não estão envolvidas no processo de recuperação.
Segundo a companhia, no País, as possíveis saídas para a crise ainda estão em discussão com o governo Jair Bolsonaro.
As famílias sócias da empresa, a chilena Cueto (controladora, com 21,5% de participação) e a brasileira Amaro (com 2%), e a Qatar Airways (dona de 10% da aérea) deverão conceder um empréstimo de até US$ 900 milhões para que a Latam continue operando enquanto está em recuperação.
Em nota, a companhia informou que o processo de reestruturação permitirá um trabalho “com os credores do grupo e outras partes interessadas para reduzir sua dívida, acessar novas fontes de financiamento e continuar operando, enquanto adapta seus negócios a essa nova realidade”.
Apesar do pedido de recuperação, a empresa segue em atividade, mas em escala já reduzida devido ao distanciamento social e ao fechamento de fronteiras.
“Implementamos uma série de medidas difíceis para mitigar o impacto dessa disrupção sem precedentes no setor, mas, no fim das contas, esse caminho é a melhor opção para estabelecermos as bases certas para o futuro do nosso grupo de companhias aéreas”, afirmou, na nota, o presidente da Latam, Roberto Alvo.
Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, a companhia contratou recentemente o banco PJT Partners, com sede nos Estados Unidos, para ajudá-la na reestruturação de sua dívida. Há 10 dias, a empresa deixou de honrar o pagamento de uma parcela de um empréstimo de US$ 1 bilhão feito em 2015 para comprar 17 aeronaves. A dívida foi estruturada nos EUA – daí o pedido de recuperação no país.
Nos últimos dias, a Latam demitiu funcionários e tentou levantar recursos para quitar o valor devido, mas as medidas não foram suficientes. Diante da inadimplência, as agências de classificação de risco de crédito Fitch e S&P rebaixaram a nota da empresa na última sexta-feira.
Em março, o UBS havia afirmado, em relatório, que a Latam era a companhia aérea com atuação no mercado doméstico mais vulnerável à crise.
Segundo cálculos do banco, o caixa da empresa deveria ficar negativo já neste segundo trimestre com a redução dos voos em 70%, corte anunciado pela Latam à época. A Avianca era outra empresa em situação semelhante, escreveram os analistas do UBS.
Por Luciana Dyniewicz
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