O jornalista e escritor Luiz Maklouf Carvalho morreu neste sábado, 16, aos 67 anos. Repórter do Estadão, Mak, como era conhecido entre os colegas, foi autor de livros e reportagens que marcaram o jornalismo brasileiro retratando alguns dos mais importantes personagens da República, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao atual ocupante do Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro. Ele era repórter do Estadão desde 2016.
Dono de um texto escorreito e reconhecido pelos colegas por sua apuração exata, Maklouf nasceu em 1953, em Belém. Formou-se em Direito pela Universidade Federal do Pará. Foi ali que, como revisor de O Liberal, iniciou a carreira que o levaria a amealhar quase todos os prêmios possíveis que um jornalista pode ganhar neste País. Ali foi repórter e editor e obteve o primeiro de seus quatro prêmios Vladimir Herzog.
Passou por quase todas as redações da grande imprensa paulista após se mudar em 1983 para São Paulo, cidade que testemunharia o nascimento do escritor de livros reportagens que o levariam a dois prêmios Jabuti: em 1998, com o Mulheres que foram à Luta Armada (1998), a primeira obra a contar a experiência das militantes que pegaram em armas contra a ditadura; e, em 2005, com Já vi esse filme – reportagens (e polêmicas) sobre Lula e/ou PT, que mostrava o percurso do partido. Maklouf também é autor, entre outros, de Contido a bala – A vida e a morte do advogado Paulo Fonteles, advogado de posseiros no sul do Pará, (Cejup, 1994) e de Cobras Criadas, a biografia de David Nasser, o mais famoso repórter dos anos 1950.
Quando trabalhava, no Jornal da Tarde, do Grupo Estado, na década de 1990, Maklouf revelou o primeiro escândalo de corrupção do PT, o chamado “caso CPEM”, em referência a uma empresa de consultoria com esse nome que foi contratada por prefeituras petistas e em contrapartidas daria dinheiro para campanhas do partido.
Em 2018, Maklouf encontrou um tesouro que soube ler e escutar: a cópia do processo e os áudios do julgamento do então capitão Jair Bolsonaro, acusado de planejar explodir bombas em quartéis no Rio. De seu trabalho como repórter nasceria o último livro: O cadete e o capitão: A vida de Jair Bolsonaro no quartel.
O escritor já lutava então contra a doença que provocaria sua morte: um câncer no pulmão. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, disse: “Uma perda lastimável para o jornalismo brasileiro e os leitores do jornal.” Maklouf deixa mulher, Elza, com quem veio para São Paulo em 1983, dois filhos, Luiza e Felipe, e três netos, Malu, Liz e Vicente. “Um amante do Machado. Me apresentou tudo o que eu aprecio culturalmente”, escreveu a filha. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Marcelo Godoy e Paula Reverbel
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