O resultado da Cyrela foi regular e veio um pouco abaixo do esperado pelos analistas em termos de receita líquida, lucro líquido e geração de caixa. O número mais baixo de receita líquida no trimestre é explicado pelo menor reconhecimento de receita dos lançamentos e pelas vendas mais baixas de estoque pronto no trimestre, um primeiro impacto da quarentena da Covid-19 que fechou os estandes de vendas em 23 de março.
O resultado operacional já havia sido divulgado, com bom volume de lançamentos e vendas para um primeiro trimestre, que sazonalmente é o mais fraco do ano.
Os principais destaques positivos foram: aumento da margem bruta ajustada de 35,6%, crescimento de 2,9 pontos percentuais em relação ao quarto trimestre de 2019 e 2,6 pontos percentuais superior ao primeiro trimestre de 2019.
No lado negativo, a venda de estoque pronto totalizou apenas R$ 116 milhões no trimestre, comparado a R$ 334 milhões no quarto trimestre de 2019 e R$ 275 milhões no primeiro trimestre de 2019.
A receita líquida totalizou R$ 765 milhões no trimestre, queda de 7,4% em relação ao primeiro trimestre de 2019, com menor reconhecimento de receita dos lançamentos no período.
Na última linha o lucro líquido foi de R$ 28 milhões, com retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de 7,9% nos últimos 12 meses.
A geração de caixa de R$ 13 milhões, prejudicada pelo menor volume de vendas de estoque pronto e pelos problemas de repasse de recebíveis no programa Minha Casa, Minha Vida.
O resultado de Cyrela foi bastante afetado pela quarentena na economia a partir de março, que reduziu as vendas de estoque pronto e fez com que a receita líquida e o lucro líquido viessem abaixo do esperado. Assim, analistas esperam um impacto ligeiramente negativo no preço das ações da Cyrela (CYRE3) no curto prazo.
As ações fecharam em forte alta nesta quinta-feira (14), com valorização de 8,3%, comparado à alta de 1,6% do Ibovespa. Mesmo assim, as ações da Cyrela acumulam forte desvalorização de 54,1% em 2020, comparada à queda de 31,7% do Ibovespa no período.
No momento atual do mercado de capitais que está fechado no momento para a rolagem das dívidas corporativas, destacamos a sólida posição de caixa de R$ 1,672 bilhão da Cyrela em mar/20.
O nível de endividamento é baixo medido pela relação dívida líquida/PL de apenas 17,5%.
A geração de caixa e ROE da Cyrela foram afetados pela queda nas vendas do estoque pronto e pelo menor reconhecimento de receita.
A geração de caixa foi positivamente impactada em R$ 28 milhões referente à venda de participação societária em ações da Tecnisa.
O lucro líquido totalizou R$ 28 milhões no trimestre, afetado por três itens não recorrentes: i) impacto negativo de R$ 30 milhões de perda com a desvalorização das ações da Cyrela Properties (R$ 9 milhões) e Tecnisa (R$ 21 milhões) e; ii) impacto positivo de R$ 33 milhões de reais devido à operação realizada com o Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB); iii) perdas com contingências judiciais no montante de R$ 31 milhões.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) anualizado foi de 7,9% em 2019.
O principal catalisador para as ações da Cyrela é a duração da quarentena da Covid-19 que prejudica as vendas de imóveis com o fechamento dos estandes de vendas da companhia.
Por enquanto, não houve aumento nos cancelamentos de vendas e a empresa tem posição de caixa muito sólida para enfrentar os meses que abril e maio que serão muito fracos para o setor de construção civil, mais focado no segmento de média e alta renda.
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