A piora da cena política brasileira na tarde desta terça-feira, 12, conduziu os juros para alta no encerramento da sessão regular, em contraste com movimentos vistos pela manhã. Declarações a respeito do vídeo da reunião em que o presidente Jair Bolsonaro teria pressionado o então ministro da Justiça, Sérgio Moro, a trocar o comando da Polícia Federal do Rio de Janeiro azedaram o humor dos investidores. O risco político voltou a rondar o mercado, e o resultado foi uma inclinação adicional na curva de juros, em meio também a um novo recorde nominal do dólar. Os contratos mais curtos também subiram, na esteira também do debate, explicitado na ata do Copom, em torno da taxa de juro estrutural.
O contrato do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 teve um salto de 30 pontos-base entre o ajuste de ontem e o encerramento da sessão regular hoje – passou de 7,49% para 7,79%. O janeiro 2025 avançou 26 pontos-base, de 6,43% para 6,69%. O janeiro 2023 subiu 27 pontos-base, foi de 4,46% para 4,73%.
Nos mais curtos, o avanço foi de 23 pontos-base no janeiro 2022 (de 3,27% para 3,50%) e de 13 pontos-base no janeiro 2021 (de 2,48% para 2,61%).
Todo este movimento nos intermediários e longos ocorreu na etapa da tarde, quando o sentimento do mercado mudou. Tudo começou com a piora no exterior, após relatos de que senadores dos Estados Unidos estariam articulando sanções contra a China. Depois, veio o noticiário local. O advogado de Sérgio Moro, Rodrigo Sánchez Rios, afirmou que o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, assistido hoje pela manhã por ele e por procuradores, “confirma integralmente” as declarações do ex-juiz contra o presidente Jair Bolsonaro.
O impasse político acabou ofuscando o debate em torno dos próximos passos da política monetária doméstica.
Na ata do Copom divulgada hoje de manhã, o BC debateu a eventual existência de um “limite efetivo mínimo” para a taxa básica de juros do Brasil e disse reconhecer a importância de “gradualismo na condução da política monetária” para avaliar a resposta dos preços de ativos financeiros às decisões.
Por Mateus Fagundes
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