O dólar fechou em queda nesta sexta-feira, 17, depois de dois dias seguidos de valorização e de subir mais de 4% no ano. A sexta-feira que antecede o feriado de Martin Luther King nos Estados Unidos, comemorado na segunda-feira, foi marcado por fortalecimento da moeda americana e de liquidez reduzida em Wall Street e aqui. Na semana, porém, a divisa acumulou alta de 1,74%, a terceira seguida de ganhos, mesmo com empresas brasileiras captando US$ 3 bilhões no exterior nos últimos dias.
No mercado à vista, o dólar chegou a subir nesta sexta-feira e foi a R$ 4,19, ainda refletindo um movimento de recomposição de posições no mercado futuro, que estava apostando muito na apreciação do real, segundo um gestor. Mas a divisa dos EUA acabou fechando em queda de 0,61%, a R$ 4,1646, em dia marcado por bons indicadores da economia chinesa, o que ajudou a estimular a busca por ativos de risco e as moedas de países exportadores de commodities.
“Nesta semana, o real definitivamente se descolou de seus pares e de outras classes de ativos locais”, observam os estrategistas do Rabobank. Em alguns dias desta semana, a moeda americana subiu mesmo em dia de alta do Ibovespa, quebrando a máxima do mercado de “bolsa em alta, dólar em queda”. A semana também foi marcada por quedas nos juros futuros e do risco-País medido pelo Credit Default Swap (CDS) de cinco anos do Brasil, que estava em 96 pontos no final da tarde da sexta-feira, no menor patamar em 10 anos. Na avaliação do Rabobank, o dólar vai continuar na casa dos R$ 4,05/R$ 4,15 nas próximas semanas.
Para o Itaú Unibanco, que tem como economista-chefe o ex-diretor do Banco Central, Mario Mesquita, a decepção com os dados de atividade fez com que a moeda brasileira voltasse ao patamar de R$ 4,15. “No curto prazo, os movimentos da moeda brasileira devem continuar relacionados à perspectiva de recuperação da economia”, afirma o banco nesta sexta-feira. O banco segue com a aposta de que haverá mais cortes na taxa básica de juros, a Selic, que deve terminar o ano em 4%.
O Itaú manteve a previsão para o dólar em R$ 4,15 para o final deste ano e de 2021. A aceleração do Produto Interno Bruto (PIB) pode contribuir para a depreciação do real, observa o relatório, na medida em que deve atrair recursos externos. “Contudo, reconhecemos que não temos observado, por ora, esse fluxo relacionado ao aquecimento da atividade.”
A liquidez nesta sexta-feira já ficou bem abaixo da média, com os agentes evitando maiores apostas antes por conta do final de semana prolongado nos Estados Unidos. Na segunda-feira Wall Street não opera. No mercado futuro, o giro do contrato de fevereiro do dólar ficou em apenas US$ 15 bilhões. No mercado à vista, o volume de negócios foi de somente US$ 680 milhões. A expectativa é que os negócios só voltem a ganhar fôlego na terça-feira.
Por Altamiro Silva Junior
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