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Dólar dispara e pode passar de R$ 6,00. O que isso significa?

(Foto: Shutterstock)

O dólar disparou na quinta-feira (7), com a queda dos juros acima do previsto e com a sinalização, pelo Banco Central (BC), de que a taxa referencial Selic poderá recuar mais 0,75 ponto percentual, caindo para perto de 2% ao ano. A baixa dos juros reduziu o diferencial de rentabilidade entre os investimentos em dólar no Brasil e no Exterior. E a expectativa – o ativo mais negociado nos mercados – de uma escassez de moeda americana levou o câmbio às alturas. Essa é a explicação técnica para o comportamento do mercado.

Qual a importância desses solavancos na taxa de câmbio? Muito pouca. Não se descarta a hipótese de o dólar superar a marca de R$ 6,00 nos próximos dias. A relevância dessa cifra é apenas psicológica. Esse recorde é apenas nominal. Quando ajustado pela inflação, o recorde do dólar ocorreu em outubro de 2002, pouco antes da primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Em valores ajustados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a taxa de câmbio naquele momento chegou a superar R$ 11,00. Ou seja, os potenciais R$ 6,00 dos próximos dias representam menos da metade do máximo histórico já registrado.

O segundo motivo é que o movimento de apreciação do dólar em relação ao real não é isolado. No caso brasileiro, o movimento vem sendo amplificado pelo ajuste na política monetária e pela incerteza política em relação à realização das reformas. No entanto, várias moedas estão perdendo força em relação ao dólar, que permanece como uma reserva de valor global.

A apreciação do dólar em relação ao real deve continuar. A inflação deverá permanecer em baixa e tudo indica que a economia deve continuar desaquecida. Nesse cenário, a taxa de juros deve permanecer estruturalmente baixa por algum tempo, o que reduzirá o movimento de vinda de recursos devido ao diferencial de taxas de juros entre o Brasil e o resto do mundo.

Estados Unidos

O desemprego disparou nos Estados Unidos. Os pagamentos a trabalhadores não-agrícolas (non-farm payroll), um dos indicadores mais importantes da economia americana, mostrou que o desemprego atingiu 14,7% em abril ante 4,4% em março, registrando níveis compatíveis com os da Grande Depressão. Em abril, 20,5 milhões de trabalhadores americanos perderam seus empregos.

O aumento no desemprego já vinha sendo antecipado pelos investidores. Mesmo assim, o avanço nas tratativas comerciais entre Estados Unidos e China, com a retomada do diálogo comercial na madrugada desta sexta-feira (8), animou as bolsas da Ásia. As ações subiram 2,56% em Tóquio, e 0,9% tanto em Xangai quanto em Seul. O pregão está fechado em Londres, mas o movimento é positivo na Alemanha.

Inflação

O IPCA de abril registrou uma deflação (queda de preços) de 0,31%, a menor variação mensal do índice desde a deflação de 0,51% registrada em agosto de 1998, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A principal razão foi a queda de 9,59% no preço dos combustíveis. No acumulado do ano, a inflação medida pelo IPCA está em 0,22%. Em 12 meses, o índice acumula uma alta de 2,4%. A inflação baixa deverá perdurar por alguns meses, o que justifica a manutenção dos juros reduzidos pelo BC.

 

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